Elio Gaspari sobre Queiroz: “A estratégia do silêncio é suicida”
Em artigo publicado nesta quarta-feira (26) nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, o jornalista Elio Gaspari questiona a mal contada história do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o PM Fabrício Queiroz. "A história segundo a qual Queiroz deixou a assessoria de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro para tratar de sua aposentadoria não fica em pé", pontua Gaspari.
Publicado 26/12/2018 09:16
No artigo intitulado "Cadê o Fabrício Queiroz?", Gaspari qualifica como "suicídio" (político) o sumiço do ex-assessor. "Quem conhece o mundo das malfeitorias garante: 'É suicídio'. Ele não aparece em casa e não compareceu aos depoimentos combinados com o Ministério Público", diz o texto.
No artigo, o jornalista lembra que Queiroz foi exonerado no dia seguinte ao aparecimento da notícia de suas movimentações bancárias "atípicas". Além disso, no mesmo dia, foi exonerada sua filha Nathalia, que estava lotada no gabinete de Jair Bolsonaro, em Brasília. Quando os dois tornaram-se "ex-assessores", faltavam 13 dias para o segundo turno.
Segundo Gaspari, "murmúrios, saídos de fontes anônimas", falam que a movimentação atípica de dinheiro nas contas do motorista teriam vindo da venda de objetos eletrônicos a conhecidos. "Coisa de R$ 600 mil ao longo de 13 meses, caso se olhe só para o que entrava em sua conta. Mesmo assim, o feirão de Queiroz movimentava quantias muito superiores ao seu rendimento como suboficial da PM e assessor de um deputado estadual", afirma Gaspari, destacando que "Queiroz não é um PM qualquer. Além da ligação com os Bolsonaro, sua folha é a de um militar premiado. Foi homenageado pela Assembleia Legislativa e ganhou a medalha Pedro Ernesto".
O artigo finaliza afirmando que a trajetória e o silêncio de Queiroz "são ilustrativos do que vem junto com a 'cultura da violência'. Ele foi da PM para um gabinete na Assembleia Legislativa do Rio, empregou parentes e tem a confiança da Primeira Família da República, cujo chefe elegeu-se presidente com uma plataforma moralista e justiceira".
Gaspari é autor de uma série de cinco livros sobre a ditadura militar brasileira e tido como um jornalista com bom trânsito entre os oficiais das Forças Armadas. Isso coloca uma pitada extra de curiosidade sobre seus questionamentos em relação ao caso envolvendo o motorista e ex-PM amigo da família Bolsonaro. Não à toa, o ruidoso artigo já era um dos assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta quarta-feira.
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