Família Civita vende a editora Abril e deixa rombo de R$ 1,6 bilhão
Ao fechar a venda de 100% das ações do Grupo Abril a Fabio Carvalho, negócio anunciado no início da tarde, a família Civita não só sai do comando daquele que já foi um dos maiores grupos editoriais do país, como deixa uma dívida de nada menos que R$ 1,6 bilhão com funcionários, bancos e fornecedores. Mesmo sob o novo controlador, os credores da editora devem reaver uma fração daquilo que lhes é devido.
Publicado 20/12/2018 16:57
Pelos termos do acordo assinado, os irmãos Giancarlo e Victor Civita, netos do fundador do grupo, ficam livres de quaisquer ônus e Fabio Carvalho assume a responsabilidade por todo o endividamento da empresa. Essa era uma condição da família para aceitar ceder o controle da Abril, que está em recuperação judicial desde agosto.
Segundo pessoas familiarizadas com termos negociados, a família receberá um pagamento simbólico pela transferência do controle, já que Carvalho assume a dívida bilionária.
Mas os Civita estão longe de sair de mãos vazias. Em fevereiro de 2015, quase dois anos após a morte do pai Roberto Civita, Giancarlo acertou a venda do controle da Abril Educação, hoje rebatizada como Somos Educação, para o fundo Tarpon por R$ 1,3 bilhão. Em dezembro daquele ano, pressionada pelos bancos credores durante negociação para alongar o perfil da dívida da Abril, a família aportou R$ 450 milhões na empresa. A maior parte do dinheiro da venda do segmento de educação, entretanto, ficou preservada.
Fabio Carvalho, advogado que se especializou em assumir empresas em dificuldade, conta com o respaldo financeiro do banco BTG Pactual, que já financiou outras empreitadas suas no passado. Enquanto o empresário assumirá as ações, o banco, por meio de sua empresa de recuperação de crédito Enforce, negocia com os três bancos credores da empresa — Bradesco, Itaú e Santander — para comprar com grande desconto os quase R$ 1 bilhão em dívidas bancárias.
Essa parte do negócio, entretanto, ainda não foi fechado. Os bancos também precisam aprovar a venda das ações, já que títulos importantes da editora, como “Veja” e “Exame” foram dados em garantia pelas dívidas bancárias, juntamente com o edifício na Marginal Tietê, em São Paulo. (…)