Publicado 09/12/2018 12:21
No desespero pela “reforma” da Previdência Social, considerada pelo O Globo como uma questão de vida ou morte para o “ajuste fiscal”, o jornal dos Marinho disse que na Argentina “reformas” aos poucos provocaram a ruína econômica do governo do presidente Maurício Macri. Sem maioria no parlamento, ele optou pelo gradualismo, o que fez o país se afundar na crise. A correspondente Janaína Figueiredo avalia que Macri não deve se reeleger em 2019.
A matéria é uma resposta à afirmação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de que pretender fatiar a “reforma” da Previdência, aprovando as mudanças aos poucos. “Mas, em outros países, essa estratégia deu errado. Quando se pergunta a um economista argentino por que fracassou o programa econômico do presidente Mauricio Macri — o que levou o país a ter de pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) apenas dois anos após o início de seu mandato — a resposta quase unânime é: gradualismo”, escreve a correspondente.
Segundo ela, é praticamente consenso nacional considerar a opção de Macri por fatiar as “reformas” como o principal erro de um chefe de Estado que chegou ao poder gerando enorme expectativa dentro e fora da Argentina, e, hoje, está em baixa nas pesquisas. Como Bolsonaro, Macri prometeu “reformas” trabalhista e previdenciária mais profundas. Em dezembro de 2017, o Congresso argentino deu sinal verde a um projeto de modificação parcial do sistema previdenciário, que não mexeu em questões sensíveis, entre elas a idade de aposentadoria para homens e mulheres (que continua sendo de 65 e 60 anos, respectivamente).
Lulopetismo e kirchnerismo
O Globo informa que o acordo com o FMI exigiu ao país comprometer-se a zerar o déficit primário em 2019, ano de eleição presidencial. “Será o período mais difícil para o governo Macri, o que tornou ainda mais desafiante conseguir a reeleição do presidente. O ajuste será maior, com uma inflação que este ano deverá superar 45%. A classe média e média baixa estão asfixiadas e a pobreza voltou a atingir 30% da população”, escreve o jornal.
Os US$ 57 bilhões concedidos pelo FMI deram certa tranquilidade, acalmaram as turbulências no mercado cambial, mas não resolveram os problemas estruturais da Argentina. Foi simplesmente um alívio, para chegar a 2020 sem a ameaça de um novo calote. Como não há consistências nas propostas ultraliberais de Macri, ele usa a mesma técnica de Bolsonaro e a direita em geral no Brasil, de culpar o “lulopetismo” pela crise, dizendo que é preciso desarmar a “bomba relógio deixada pelos governos kirchneristas”.