Defender o multilateralismo e consolidar parcerias
A cúpula do G20 em Buenos Aires, a ser realizada em breve, reunirá pela primeira vez na América do Sul as principais economias do mundo, incluindo a China e o Brasil, assim como líderes de países convidados e chefes de organizações internacionais para discutir o crescimento da economia mundial e encontrar novos impulsos para o desenvolvimento global.
Li Jinzhang, Embaixador da China*
Publicado 29/11/2018 18:17
Os integrantes do Grupo dos 20, um dos principais fóruns sobre cooperação econômica internacional, representam dois terços da população mundial, 60% da área territorial e respondem por 90% do PIB e 75% do comércio. Desde sua criação, o Grupo trouxe importantes contribuições para a recuperação da economia mundial e a melhoria da governança econômica global. Em um cenário de crescimento dos fatores de instabilidade e incerteza e graves impactos negativos sobre o multilateralismo, o livre comércio e até mesmo o espírito do contrato, este encontro dos líderes do G20 gera grande expectativa na comunidade internacional.
A Cúpula de Buenos Aires, que coincide com o 10º aniversário do G20, tem como tema "Consolidar os consensos para um desenvolvimento equitativo e sustentável". Conta com agendas nas áreas de economia mundial, comércio e investimento, economia digital, desenvolvimento sustentável e mudança climática.
A parte chinesa espera aproveitar essa plataforma para fortalecer a comunicação e coordenação com os outros países e emitir, em conjunto, um sinal claro contra o protecionismo e em favor do sistema multilateral de comércio. Trata-se da quarta vez que o presidente chinês Xi Jinping pisará no solo da América Latina para conversar sobre os planos de cooperação com os líderes participantes.
Devemos valorizar as parcerias, o ativo mais valioso do G20, e escolha inevitável para enfrentar os desafios globais. Em um mundo globalizado, não há mais ilhas isoladas. É cada vez mais raro ver uma disputa em que o vencedor leva tudo. Devemos fortalecer a comunicação e a coordenação em importantes questões globais, oferecer mais "bens públicos" e construir mais forças em prol da paz, da estabilidade e da prosperidade mundiais.
Precisamos defender o multilateralismo. A criação e a evolução do G20 é uma nova manifestação do multilateralismo e um importante progresso na reforma da governança econômica global. O mundo de hoje precisa do multilateralismo mais do que nunca. Devemos persistir nos princípios fundamentais da Carta da ONU e nas normas básicas das relações internacionais, fazer oposição clara ao unilateralismo e ao protecionismo, salvaguardar a justiça e a equidade internacionais, e defender o sistema multilateral de comércio tendo a OMC como núcleo.
Devemos promover a abertura e a inclusão. O apoio à abertura econômica é uma importante experiência do G20 na resposta à crise financeira internacional e cria um caminho essencial para a promoção do crescimento econômico global. A bem-sucedida primeira Feira Internacional de Importação da China foi uma grande iniciativa para abrir o mercado chinês e uma ação concreta na construção de uma economia mundial mais aberta. Este ano marca o 40º aniversário da política de Reforma e Abertura da China. Ao longo dessas quatro décadas, o país asiático abriu suas portas para movimentar a economia, de maneira que 700 milhões de pessoas saíram da pobreza e a China se tornou o maior parceiro comercial de mais de 120 países e um dos principais motores do crescimento econômico mundial. A China cresceu e, ao mesmo tempo, trouxe benefícios para todos. Atualmente, através da iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota", a China procura liberar o potencial de cooperação com outras nações e realizar uma integração econômica, um desenvolvimento coordenado e um compartilhamento dos resultados, criando mais oportunidades para a economia mundial.
Temos de construir consenso sobre a reforma. Atualmente, o sistema multilateral de comércio sofre sérios impactos e a China apoia a reforma necessária da OMC para fortalecer a autoridade e eficácia desse organismo. Para tanto, a China propõe três princípios básicos e faz cinco sugestões. Os três princípios básicos são: a reforma da OMC deve preservar os valores fundamentais do sistema multilateral de comércio; salvaguardar os interesses de crescimento dos membros em desenvolvimento e seguir a prática da tomada de decisões por consenso. Já as cinco sugestões são: a reforma da OMC deve defender a primazia do sistema multilateral de comércio; dar prioridade aos problemas existenciais enfrentados pela OMC; tratar o desequilíbrio das regras comerciais e responder às demandas do nosso tempo; salvaguardar o tratamento especial e diferenciado para os membros em desenvolvimento e respeitar os modelos de desenvolvimento dos membros.
Maiores nações em desenvolvimento dos hemisférios Oriental e Ocidental e principais países emergentes, a China e o Brasil são importantes membros do G20 e apoiadores do sistema multilateral de comércio que se opõem firmemente ao unilateralismo e ao protecionismo. Esperamos trabalhar de forma coordenada com os membros do G20, como o Brasil, para enfrentar os desafios e os riscos, construir consensos e unir forças para trazer novas contribuições ao desenvolvimento saudável da economia mundial.