Publicado 27/11/2018 10:43

Na coluna de Monica Bergamo desta terça-feira (27), somos assaltados por esta notícia:
“Dilma deve ser alvo preferencial dos depoimentos inéditos da delação de Palocci. Até agora, o foco dos relatos do ex-ministro da Fazenda estava voltado para Lula”.
A gente lê e lembra de imediato Primo Levi*, que assim comenta a sujeira de Antonio Palocci:
“É isto um homem?
Agora, todo o mundo está raspando com a colher o fundo da gamela para aproveitar as últimas partículas de sopa; daí, uma barulheira metálica indicando que o dia acabou. Pouco a pouco faz-se silêncio. Do meu beliche, no terceiro andar, vejo e ouço o velho rezando em voz alta, com o boné na mão, meneando o busto violentamente. Ele agradece a Deus porque não foi escolhido. Insensato! Não vê, na cama ao lado, Beppo, o grego, que tem 20 anos e depois de amanhã irá para o gás e bem sabe disso, e fica deitado olhando fixamente a lâmpada sem falar, sem pensar? Não sabe, o velho, que da próxima vez será a sua vez? Não compreende que aconteceu, hoje, uma abominação que nenhuma reza propiciatória, nenhum perdão, nenhuma expiação, nada que possa fazer, chegará nunca a reparar?”
*Primo Levi foi um químico e escritor italiano. Escreveu memórias, contos, poemas, e novelas. É mais conhecido por seu trabalho sobre o Holocausto, em particular, por ter sido um prisioneiro em Auschwitz-Birkenau. Seu livro É isso um Homem?