Bolsonaro fracassa ao votar Previdência e pauta deve ficar para 2019
O governo Jair Bolsonaro queria aprovar o reforma da Previdência a qualquer custo antes de sua posse. O pleno era de aprovar o texto como foi encaminhando por Michel Temer ao Congresso. A proposta não encontrou apoio nem mesmo junto a aliados e parlamentares do próprio partido, o PSL.
Publicado 13/11/2018 12:37
A saída foi tentar articular junto com o governo Temer uma alternativa que não necessitasse da alteração constitucional, já que o projeto como está exigia aprovação de maioria qualificada e em dois turnos por se tratar de emenda à Constituição.
O plano não rendeu e o governo de transição de Jair Bolsonaro já começou a adotar uma postura de distanciamento protocolar do governo Temer. O próprio Bolsonaro admitiu a derrota ao afirmar que reforma da Previdência será uma questão para 2019.
"A questão de reforma da Previdência, que a gente está achando que dificilmente aprova alguma coisa no corrente ano, não é essa reforma [proposta pelo presidente Michel Temer] que eu quero, que o Onyx Lorenzoni [futuro ministro da Casa Civil] quer, que está aí. Você tem que reformar? Tem que reformar a Previdência. Tem que ser uma reforma racional", afirmou.
Por outro lado, a relação com o Congresso parece ter ficado estremecida. A palavra de ordem da equipe de Bolsonaro é buscar o bom relacionamento com os parlamentares, medida que parece não ter conseguido atingir nas primeiras semanas do governo de transição.
Tanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (MDB-CE), reclamaram da falta de diálogo por parte da equipe de Bolsonaro.
Rodrigo Maia teria expressado sua insatisfação em encontro com representantes do mercado financeiro em que afirmou que a interlocução do futuro governo Jair Bolsonaro com o Congresso está falha e que os futuros integrantes do Palácio do Planalto não deram ainda "nenhum sinal" do que querem.
Eunício Oliveira foi irônico ao ser questionado se alguém da equipe econômica de Bolsonaro ou o ministro Onyx Lorenzoni, responsável pelo governo de transição e futuro ministro da Casa Civil, o procurou: "Você acha que Onyx vai me procurar? Não vai. Tive o cuidado de dizer que nós estamos reduzindo os incentivos em torno de 40%, se não amanhã (dizem que é) pauta bomba", declarou Eunício, reforçando que comunicou ao Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e outras pastas, que estava prorrogando a votação do orçamento duas vezes.
A relação com o parlamento ficou ainda mais tensa com as declarações de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho de Bolsonaro, de que o "perfil" procurado para a chefia da Câmara na gestão do novo governo de alguém que seja um "trator". "A gente sabe como vai ser a posição da esquerda", disse o deputado.
O pai, Bolsonaro tentou amenizar as declarações do filhote, e disse que não era bem assim. Mas os estrago já estava feito.
A sinalização de que o futuro governo jogou a toalha veio do ministro extraordinário, Onyx Lorenzoni, coordenador do governo de transição, que declarou que a futura gestão começa apenas no próximo ano, ao justificar os motivos de não levar as prioridades que considera relevantes a Temer.
“O nosso governo começa no dia 1º de janeiro. Qualquer outra atitude poderia ser lida como uma prepotência do futuro governo e jamais queremos isso”, disse. “O atual presidente do país, vocês sabem quem é, tem que cumprir sua missão até 31 de dezembro”, acrescentou.
Lorenzoni se encontrou com o presidente da Câmara nesta segunda-feira (12) e foi advertido pessoalmente por Maia. “O que conversamos é no sentido de podermos estreitar nosso diálogo e assegurar que a relação do futuro governo com o Parlamento foi de que, no fim de 2019, reconhecerão nosso governo como o que melhor trata deputados e senadores”, assegurou.