Sindicato divulga nota em defesa e solidariedade ao Reitor da UFC
O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce) emitiu nota em defesa do Reitor da instituição, Henry de Holanda Campos. O professor foi duramente criticado por setores da sociedade ao ratificar que a UFC e todas as universidades devem enfrentar o avanço do fascismo e defenderem intransigentemente seu espaço de forma democrática, plural e livre.
Publicado 09/11/2018 10:34 | Editado 04/03/2020 16:22
“O Sintufce, que enfrentou a ditadura, que lutou para que esta universidade fosse o que ela é hoje, solidariza-se ao Reitor, professor Henry de Holanda Campos, que, diante dos retrocessos, entendeu que o silêncio não combina com o reitor de uma das maiores e mais conceituadas universidades brasileiras e se colocou contra o desmonte das universidades, contra as práticas antidemocráticas e reafirmou seu compromisso com a Universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada”, diz o documento.
Leia a seguir a íntegra da nota:
Nota em solidariedade ao professor Henry Campos
Nos últimos anos, a universidade se coloriu de povo. Recebeu alunos das mais variadas raças, classes, gêneros, dos mais variados credos, e cresceu, expandiu-se atingindo os sertões do Ceará, levando ensino, pesquisa e extensão aos mais diversos lugares da nossa terra. Foram anos de trabalho constante, que demandaram planejamento, dedicação e o comprometimento de todos os que fazem parte da UFC. Esta universidade tem escrito junto ao povo cearense uma história de luta, pela qual se pode reconhecer o empenho em levar cultura e cidadania por onde quer que servidores e alunos da instituição estejam atuando.
No entanto, todas as conquistas da universidade estão agora sob ameaça. A Universidade pública, gratuita e de qualidade, voltada para atender as demandas da gente da nossa terra, e construída com tanto esforço, encontra-se agora diante de grandes ataques. Por isso, é natural que o Reitor dessa universidade se posicione contra um projeto que deseja descaracterizar a universidade pública, retirando-lhe a gratuidade, e podando a qualidade em nome de atender aos desejos de um mercado que se mostra irracional e sem compromisso nenhum com as necessidades do nosso povo. É natural que o reitor faça a defesa dos princípios que norteiam nossa civilização.
O que não é natural é que, em nome de um suposto pluralismo, existam grupos que desejem que o reitor silencie. O que não é natural é que existam na universidade os que flertam com a censura, o obscurantismo e o autoritarismo, querendo impor silêncio ao reitor, enquanto eles próprios seguem a defender sua agenda de retrocessos. Se aquele que deve representar a Universidade coordenar suas atividades e dirigi-la não pode expressar suas opiniões, o que diremos então dos demais membros da comunidade acadêmica?
Construir a universidade no Brasil de hoje exige coragem. Coragem de se indispor com os poderosos, cujo projeto é solapá-la! Coragem de se indispor com os grupelhos autoritários e preconceituosos, que desejam que a universidade se feche a toda a diversidade da sociedade brasileira. E, mais do que nunca, coragem para se contrapor àqueles que deviam estar ao nosso lado, mas que preferem defender a descaracterização da nossa UFC. Para esses nós dizemos: SEGUIREMOS!
O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Estado do Ceará e os servidores por ele representados foram atores aguerridos na construção das Universidades Federais. Fizemos parte dessa história. Por isso, o SINTUFCE, que enfrentou a ditadura, que lutou para que esta universidade fosse o que ela é hoje, solidariza-se ao Reitor, professor Henry de Holanda Campos, que, diante dos retrocessos, entendeu que o silêncio não combina com o reitor de uma das maiores e mais conceituadas universidades brasileiras e se colocou contra o desmonte das universidades, contra as práticas antidemocráticas e reafirmou seu compromisso com a Universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
O Sintufce reafirma seu apreço inegociável à democracia, à liberdade e acima de tudo à UFC, deixando claro que não aceitaremos retrocessos, pois ainda há muito o que avançar para que nossa universidade seja ainda mais democrática, ainda mais acessível e ainda mais livre.