Dedé Rodrigues faz em versos um chamado à resistência
Poeta e militante do PCdoB em Pernambuco, Dedé Rodrigues é mestre em capturar em cordel o cotidiano nosso de cada dia e neste Brasil conturbado de hoje não faz diferente. No Cordel da Resistência, o talentoso cordelista registra a expectativa de milhões de brasileiros diante do futuro incerto que bate a nossa porta. Em seu verso, ele expressa nosso movimento pendular entre a confiança na vitória de nossas forças e o temor de mergulharmos no obscuro poço da barbárie.
Publicado 16/10/2018 15:28 | Editado 04/03/2020 16:55
CORDEL DA RESISTÊNCIA, GALERA!
Por Dedé Rodrigues
Minha boca sufoca um grito
Vendo tanta insanidade!
Meu coração bate forte
Pulsando por liberdade.
O meu semblante enrijece
Quando eu sinto a maldade
Que recai sobre os mais pobres
Da nossa sociedade.
Eu vi nascer a serpente
Que estava sendo chocada
Pela “mídia e a justiça”,
Ao invés de ser abortada.
Pessoas vão para as ruas
Com tanto ódio estampado
Que atropelam as minorias,
Como um “gado mascarado”.
Quais serão as consequências
Desse “holocausto” criado?
Marieli, Mestre Moa?
parece desembestado.
Até símbolo da suástica,
Foi numa jovem marcado,
Dando a dimensão do monstro:
Do Hitler ressuscitado.
Quantos terão que morrer?
Ter o seu sangue jorrado
Para acordar esse povo
Que está descordado?
E a minha “galera jovem”,
Com seus direitos tirados!
Qual futuro terá ela
Nesse país conflagrado?
E a jovem democracia
Com pouco tempo contado
Será de vez destruída
Deixando um curto legado?
E a nossa Carta Magna
Fruto de muitas jornadas?
Também será destruída
E as folhas todas rasgadas?
E você que é democrata
Vai segurar o “cajado”?
Combater a tirania
Em prol do tiranizado?
Quantos são os patriotas
No “exército dos soldados”
Que amam de fato a pátria
Por que não ficam calados?
Quem serão os cidadãos
Que estarão nessa luta
Pra defender o país
Diante da força bruta?
Quem fica em cima do muro
Tentando imitar Pilatos?
Diante de tantos crimes?
Diante de tantos fatos?
Quem defenderá o gás:
O petróleo alienado
Em prol dos americanos
Que foi de nós usurpado?
Generais de cinco estrelas?
Soldado aos montes fardados?
Quem defenderá os pobres
Dos lucros dos potentados?
Quem alimentou o ódio
No coração do “soldado”
Para abraçar uma “causa”
Contra ele próprio? coitado!
Como enfrentar um poder
Preste a ser instalado
Com a balança da justiça
Pendendo só para um lado?
Qual juiz fará “justiça”
Em prol dos descamisados
Que perderão seus direitos,
Já tão poucos, conquistados?
Não olvide mais esforços
Para juntar todo mundo
Que ama a democracia
Com o seu valor tão profundo.
Vamos retirar o mantra,
Vestido em corrupção,
Para juntar todo mundo
Que gosta de união.
O “monstro tem mil cabeças”,
Ninguém sabe a dimensão
Dos disfarces dessa “hydra”
Se espalhando na nação.
Dispense o sectarismo,
Que só enxerga o umbigo,
Visão pequena, mesquinha,
Diante do inimigo!
Vamos voltar aos heróis!
Convocar a nossa gente”!
Pra derrotar o fascismo
E o veneno da serpente.
Que a paz esteja contigo!
Que os cegos procurem ver!
Que o ódio seja vencido!
P’ra um novo dia nascer!
Que Haddad vença esse pleito!
Que o Brasil possa acordar!
Que a gente salve o direito
de todo mundo votar.
Que a nossa democracia
Não sofra uma ruptura.
Que os direitos do povo
Não sucumba à ditadura!
Dedé Rodrigues
2018 – Tabira – PE
Do Recife, Audicéa Rodrigues