EUA e Arábia Saudita se encontram para discutir assassinato de Jamal
Donald Trump disse nesta segunda-feira (15) ter conversado com o rei Salman, da Arábia Saudita, e que o secretário de Estado norte-americano irá se encontrar com o rei. Os EUA recuam após tentativa de mostrar um tom duro diante do possível assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi
Por Alessandra Monterastelli
Publicado 15/10/2018 14:24
Trump anunciou nessa segunda (15) que enviará o secretário de Estado Mike Pompeo para encontrar o rei saudita Salman. Os dois irão conversar sobre o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que escrevia críticas contra o regime da Arábia Saudita e estava exilado na Turquia. Segundo as investigações do caso, existem provas concretas de que Jamal foi assassinado dentro da embaixada saudita por agentes do governo de Salman.
Após a divulgação do caso, Hatice Cengiz, viúva do jornalista, fez um apelo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, implorando para que ele ajudasse a "jogar luz" sobre o desaparecimento de Jamal.
Saia-justa para o presidente norte-americano, uma vez que a Arábia Saudita é o maior aliado árabe dos EUA e um dos principais no Oriente Médio, junto com Israel. Nos seus dois anos de governo, Trump só estreitou os laços com Riad, tendo evitado no passado críticas ao regime saudita por assuntos relacionados a direitos humanos.
Ao mesmo tempo, seria estranho se os EUA não elaborassem uma resposta agressiva contra Riad, uma vez que assim fizeram, sem hesitação, quando a Rússia foi acusada de envenenar o ex-espião Skripal, ou quando desconfiou-se que o presidente sírio, Bashar Al-Assad, tivesse usado bombas químicas contra seu próprio povo, mesmo antes da investigação; na ocasião, os EUA, junto com a França e o Reino Unido, bombardearam o país, em represália.
No sábado (13) Donald Trump prometeu um "castigo severo" caso o governo de Riad seja declarado responsável pelo assassinato de Jamal, apesar de não especificar quais seriam as punições enfrentadas pela Arábia Saudita. Ele mesmo indicou que Washington não quer prejudicar os estreitos laços de defesa com o país árabe, argumentando que os EUA estariam punindo a si próprios se suspendessem as vendas de equipamento militar para Riad.
A resposta do regime ao discurso de Trump não tardou. No domingo (14) a Arábia Saudita rejeitou qualquer ameaça de sanções ligadas ao desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, e ameaçou contra-atacar em caso de medidas hostis, segundo afirmações de um funcionário que pediu anonimato. A fonte ainda disse que Riad lembrou que a superpotência petrolífera saudita “desempenha um papel vital e efetivo na economia mundial”. De fato, o governo de Salman sabe o que preocupa os EUA.
O suposto mal-estar entre ambos os países pareceu melhorar nesta segunda-feira (15). Atenuando sua preocupação de fachada quanto aos direitos humanos e de liberdade de expressão, Trump disse que Salman negou ter “qualquer conhecimento do que possa ter acontecido” com Khashogg, que desapareceu após entrar no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro, e disse que os sauditas estão trabalhando com a Turquia para solucionar o caso, apesar da Turquia acusar a Arábia Saudita de de não cooperar nas investigações em torno do desaparecimento e de impedir os investigadores turcos de entrarem no consulado.