Publicado 13/10/2018 10:13
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos emitiu uma declaração, nesta sexta-feira (12), na qual manifesta preocupação com a violência nas Eleições 2018. A Organização das Nações Unidas (ONU) deixou claro que está “profundamente preocupada” com a situação do país e pediu para que os candidatos repudiem as agressões que estão ocorrendo no Brasil.
Vale lembrar que foi divulgado nesta semana um levantamento inédito realizado pela Agência Pública em parceria com a Open Knowledge Brasil que revela que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país, praticados por seguidores de Bolsonaro.
No comunicado, a porta-voz da ONU Ravina Shamdasani apela para que as diferenças sejam respeitadas.”Condenamos qualquer ato de violência e pedimos investigações imparciais, efetivas e imediatas sobre tais atos”.
“O discurso violento e inflamatório dessas eleições, especialmente contra LGBTI, mulheres, afrodescendentes e aqueles com visões políticas diferentes, é profundamente preocupante, especialmente dado os relatos de violência contra tais pessoas”, disse Ravina.
Perseguição a Haddad
Na quinta-feira (11), Fernando Haddad e a Igreja Católica foram alvo de agressões de um militante pró-Bolsonaro. O eleitor raivoso chegou a perseguir a comitiva do candidato do PT com um carro em alta velocidade. “Um ativista do Bolsonaro começou a ofender a Igreja Católica. Nós nos retiramos da CNBB, onde a entrevista ia ser concedida, e ele começou a ofender a Igreja chamando de igreja comunista, de igreja gay, coisas completamente sem sentido”, revelou Haddad.
Ainda segundo Haddad, o homem colocou outras pessoas em risco durante a perseguição de carro. “No trânsito até o hotel, onde nós passamos a fazer a coletiva para evitar transtornos, ele seguiu numa 4×4 a nossa comitiva e tentou realmente furar a comitiva, fazendo gestos, em alta velocidade, para tentar interceptar os nossos carros”, contou.
O eleitor raivoso de Bolsonaro foi contido pela polícia e por seguranças do hotel onde Haddad estava hospedado, em Brasília.
No comunicado desta quinta, a representante da ONU também fez um apelo para que os candidatos se manifestem publicamente para repudiar as agressões e violência, o que Haddad já vinha fazendo desde o início.
“Pedimos a líderes políticos e aqueles com influência a publicamente condenar qualquer ato de violência durante esse período eleitoral delicado, e a chamar a todos os lados para que se expressem de forma pacífica e com o total respeito pelo direito dos demais”, disse Ravina.
Um dos casos que mais chocaram o país foi o assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, de 63 anos. Ele foi morto com 12 facadas, na madrugada de segunda-feira (8), por um apoiador de Bolsonaro, em um bar de Salvador (BA). Para o candidato do PSL, por sua vez, não há nada que ele possa fazer em relação ao que ele chamou de “excessos”.
Segundo Bolsonaro, que tem uma campanha baseada no ódio e nas fake news, “se um cara lá que tem uma camisa minha comete um excesso, o que tem a ver comigo? Eu lamento, e peço ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle”. Ainda de acordo com ele, os atos de violência são um “movimento orquestrado forjando agressões” para prejudicá-lo.