Bolsonaro é ameaça para Brasil e América Latina, diz The Economist
Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Planalto, está na capa da revista Britânica The Economist desta semana, onde se lê “A mais recente ameaça da América Latina – Bolsonaro presidente”. No seu artigo principal, a insuspeita publicação de cunho liberal faz duras críticas ao postulante e considera que, caso seja eleito, ele poderia “colocar em risco a própria sobrevivência da democracia” no Brasil. Mais que isso, aponta que ele seria um governante desastroso para toda a região.
Publicado 20/09/2018 17:23
Para a revista, uma das publicações mais respeitadas do mundo, uma eventual vitória de Bolsonaro reforçaria a lista de indesejáveis governos populistas pelo mundo, da qual fazem parte nomes como Donald Trump nos Estados Unidos, e Rodrigo Duterte nas Filipinas. The Economist avalia que a conjuntura difícil abre caminho para o que chama de populismo de direita no país.
“A economia é um desastre, as finanças públicas estão sob pressão e a política está completamente podre. O crime de rua está aumentando. Sete cidades brasileiras estão entre as 20 mais violentas do mundo”, diz.
O artigo defende que as eleições “dão ao Brasil a chance de começar de novo”, mas, caso deem a vitória a Bolsonaro, “os brasileiros correm o risco de tornar tudo pior”. “O senhor Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, promete a salvação; na verdade, ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina”.
Segundo o texto, Bolsonaro tem explorado bem a “fúria” dos brasileiros com o cenário político, apresentando-se como um “xerife durão”, que mistura valores conservadores com liberalismo econômico.
“Ele tem um longo histórico de ofensas grosseiras. Ele disse que não estupraria uma deputada porque ela era "feia demais"; ele disse que preferia um filho morto a um filho gay"; ele sugeriu que pessoas que vivem em assentamentos fundados por escravos fugidos (quilombolas) eram gordas e preguiçosas. Repentinamente, essa disposição para romper tabus está sendo interpretada como prova de que ele é diferente dos políticos de Brasília”.
A revista destaca o apreço de Bolsonaro pelos militares. “Bolsonaro tem uma admiração preocupante por ditaduras. Ele dedicou seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff ao comandante de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos durante o regime militar (…) O vice de Bolsonaro é Hamilton Mourão, um general reformado, que no ano passado sugeriu uma intervenção militar para solucionar os problemas do país. A resposta de Bolsonaro à criminalidade é, com efeito, matar mais criminosos, apesar de, em 2016, a polícia no Brasil ter matado mais de 4 mil pessoas”.
Ao lembrar que a América Latina já presenciou, no Chile de Pinochet a união entre autoritarismo e liberalismo, The Economist ressalta que o custo humano e social dessa combinação foi “terrível”.
“Bolsonaro pode não conseguir converter seu populismo em uma ditadura ao estilo pinochetista, mesmo que ele queira. Mas a democracia brasileira é muito nova. Mesmo um flerte com o autoritarismo é preocupante. Todo presidente brasileiro precisa de uma coalizão no Congresso para aprovar projetos. Bolsonaro tem poucos amigos na política. Para governar, ele poderia ser levado a degradar ainda mais a política, potencialmente abrindo caminho para algo ainda pior”, alerta a publicação.
A revista britância afirma que os brasileiros não devem acreditar em “promessas vãs de um político perigoso”. Ao invés disso, “precisam perceber que a tarefa de consertar sua democracia e reformar sua economia não será rápida nem fácil". O artigo se encerra indicando que o país precisa de reformas e que “Bolsonaro não é o homem para entrega-las”