Alckmin diz que foi contra apoiar Temer, mas em 2016 disse 'vamos ajudar'
O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, foi o entrevistado do Jornal da Globo desta terça-feira (18) e disse que a crise política fragilizou os partidos. "Todos, inclusive o meu", admitiu.
Por Dayane Santos
Publicado 19/09/2018 11:15
A crise política é resultado do golpe que seu partido encabeçou com Michel Temer e a grande mídia. Agora, com Temer impopular e rejeitado, o tucano diz que compor a base de apoio do governo foi um erro. Ele disse ainda ter sido contra a aliança com Temer.
"Se dependesse de mim, eu não tinha entrado. Eu falei isso em reunião (…) nós já não éramos governo há 13 anos". A declaração ocorre 15 dias depois de Michel Temer publicar vídeo em que lista seus ministros que apoiam Alckmin.
Mas em maio de 2016, Alckmin defendeu o impeachment e afirmou que o afastamento de Dilma e, por consequência, a posse de Temer, iria "virar uma página" e que o foco do governo Temer deve ser a economia. "Vamos ajudar. O grande desafio é o emprego. A economia brasileira derreteu nos últimos dois anos, especialmente nos últimos dois meses", disse o então governador de São Paulo.
Sobre o questionamento feito pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral, logo após a vitória de Dilma lançado dúvidas sobre o pleito e a vitória do campo progressista, Alckmin disse que não é "dessa coisa de judicializar", mas que, "se você tem uma denúncia, precisa fazê-la".
Reforma da Previdência
Enquanto na campanha tenta descolar a sua imagem do governo Temer, que ajudou a manter, o tucano propõe a mesma agenda para o país, caso seja eleito. Sobre a reforma da Previdência, por exemplo, ele diz ter dois objetivos: unificar o regime geral do INSS ao dos servidores públicos federais e reduzir o déficit atual.
"Ter um regime só de Previdência, com as mesmas regras. Esse é o primeiro objetivo. O segundo é de déficit, porque os sistemas têm que ter higidez do ponto de vista atuarial", defendeu, afirmando ainda que o modelo atual "tem privilégios".
Tucanaram a autocrítica
Na entrevista, a apresentadora Lo Prete abordou o tema corrupção com o presidenciável tucano. Diferentemente do que a Globo costuma fazer contra candidatos petistas, em que a pergunta se transforma em interrogatória para pressionar por uma suposta confissão, a jornalista lembrou eventos recentes envolvendo tucanos, como Beto Richa, ex-governador do Paraná, e Reinaldo Azambuja, atual governador do Mato Grosso do Sul, que foram alvos de operações da polícia federal e citou a denúncia do MP paulista contra ele, além do caso do senador Aécio Neves, ex-presidente do partido.
Enquanto que para os petistas a pergunta é "quando o PT fará autocrítica, Lo Prete apenas associou os casos ao processo eleitoral. Disse ela: "Se o PSDB tivesse feito algum tipo de depuração, se tivesse descartado seus implicados em corrupção de uma maneira clara e rápida, se tivesse feito alguma autocrítica, o senhor acha que estaria numa situação melhor diante do eleitor hoje?".
Alckmin disse que "crítica é sempre bom", e que Aécio "deixou" a presidência do partido "porque sabia que tinha que sair". Essa versão da história ele não admitiu em outras entrevistas, em que dizia que Aécio foi afastado pelo partido.
Sobre Richa e Azambuja ele disse que ambos "vão explicar" e desconversou: "O que a sociedade quer? Que se investigue. Se apure. Quem é culpado que pague por isso. Quem não é seja inocentado". Foi o bastante para Lo Prete.