Jô Moraes: De presa política a deputada federal
Maria do Socorro precisou mudar de nome diversas vezes para sobreviver à ditadura militar. Já foi Ana, Socorro Fragoso, Luiza e Josydeméia. Jô Moraes é a síntese desses nomes que teve de usar durante 10 anos em que foi vítima da repressão militar. Hoje, Jô Moraes (PCdoB-MG), nome que se transformou em nome político, está em seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados e concorre, nas eleições de 2018, ao cargo de vice-governadora na chapa de Fernando Pimentel, em Minas Gerais.
Publicado 11/09/2018 11:08
Ela se destaca pela luta em defesa dos trabalhadores, dos direitos da mulher e pelo compromisso com os interesses nacionais. Foi voz ativa contra o golpe de 2016 e tem reforçado a luta da bancada comunista contra a agenda ultraliberal de Michel Temer.
Já foi líder da bancada do PCdoB, em 2008, presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher do Congresso Nacional, presidenta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) e da Comissão de Controle de Atividade de Inteligência, que reúne as duas Casas do Congresso.
A parlamentar também já foi coordenadora da Bancada Feminina da Câmara e atualmente é procuradora-adjunta da Mulher da Casa. Atualmente membro da Comissão de Seguridade Social e da CREDN, já presidiu a Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores em Transporte Terrestre, além de ter sido vice-presidenta da Frente Pro-Antártica e de integrar outras 35 frentes parlamentares.
Jô participou de delegação parlamentar ao Haiti, quando visitou as tropas brasileiras na missão de paz da Minustah – uma destacada ação humanitária naquele país devastado por furacões e miséria econômica.
Entre várias outras missões, ela também foi à França, quando acompanhou o desempenho do Brasil na Feira Internacional Aeroespacial de Le Bourget e também o trabalho de especialistas brasileiros, atuando em parceria na empresa Thales Alenia Space, em Cannes, na construção de nosso satélite geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas. Uma iniciativa que, entre outras funções, tem a de levar sinal, comunicação, aos locais mais afastados do território nacional.
Jô é autora da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 197/16), destinando 2% do Produto Interno Bruto para as Forças Armadas e também de iniciativas políticas voltadas à garantia da proteção, da plena soberania nacional sobre o território brasileiro. Entre outras, Jô Moraes é autora de várias emendas ao Orçamento Geral da União voltadas à continuidade e manutenção de programas de importância estratégica para o país, como os do submarino nuclear, do desenvolvimento tecnológico do Exército, de controle das fronteiras e, muito especialmente, na região Amazônica.
Iniciou a militância política na década de 1960, no movimento estudantil, quando era estudante secundarista na Paraíba. Mais tarde, foi diretora da União Estadual dos Estudantes e presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Serviço Social.
Foi presa duas vezes durante o regime militar, a primeira em 1968 e a segunda quando era presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Serviço Social, período em que foi cassada pelo Decreto 477/69, que proibia lideranças estudantis de continuar seus estudos acadêmicos.
Em 1972, mudou-se para Belo Horizonte, onde se filiou ao então clandestino Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Com a anistia, Jô Moraes passou a atuar no movimento de mulheres. Foi coordenadora da Comissão Pró-Federação de Mulheres de Minas Gerais (1982); presidenta fundadora do Movimento Popular da Mulher de Belo Horizonte (1983); coordenadora executiva do Conselho Estadual da Mulher – organismo governamental (1984), e primeira presidenta da União Brasileira de Mulheres (1989).
Antes de ingressar na Câmara dos Deputados, elegeu-se vereadora por duas vezes em Belo Horizonte, em 1996 e em 2000. Permaneceu no cargo até 2002, quando foi eleita deputada estadual.
Jô Moraes é autora de dois livros sobre discriminação de gênero: Pelos Direitos e Pela Emancipação da Mulher e Esta Imponderável Mulher. É membro fundador do Conselho editorial da revista Presença da Mulher e autora de diversos artigos para publicações especializadas no assunto. É também de sua autoria o livro destinado ao público adolescente: Uma história para Érica, que traz fragmentos da luta durante o período da ditadura militar.