Cearenses lamentam destruição do Museu Nacional

Lamento, indignação, impotência, tristeza. São incontáveis e indescritíveis os sentimentos de pessoas de todo o país acerca da destruição do acervo do Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, que foi consumido por um incêndio na noite do último domingo (02). Os cearenses se solidarizaram com a irreparável perda do patrimônio brasileiro. Feito as chamas que avançavam pelo acervo, os comentários tomaram conta das redes sociais.

Museu Nacional em chamas - Reuters

Eu seu perfil, Inácio Arruda lamentou o ocorrido. “Assisto estarrecido, assim como o mundo inteiro, a destruição de um dos mais importantes patrimônios da história do Brasil, da América do Sul, da América Latina e do mundo: o Museu Nacional. Ali está a Ciência, a Tecnologia, a História, a Arte, a Cultura. Neste museu está o Brasil”, ratifica.

O ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia afirma que “este descaso que destrói a nossa história é fruto da ‘PEC da Morte’, que impedes investimentos nas instituições públicas de educação, saúde e da, arte cultura e ciência”. “É um descaso sem precedentes”, lamenta.

O ex-senador destaca ainda a importância do museu para a história do Ceará. “Lembro que a comemoração de aniversário do museu foi com uma peça cearense: o terceiro maior pterossauro do mundo foi um achado histórico encontrado na Bacia do Cariri cearense, em Santana do Cariri. Ali também está a história e a vida dos cearenses e dos brasileiros”.

Inácio Arruda cobra uma apuração rigorosa sobre os responsáveis pelos danos inestimáveis ao patrimônio brasileiro. “É preciso que a gente cobre de quem é a responsabilidade. Deste governo que aí esta, golpista, e dirigentes que ao longo dos anos têm contribuído para destruir a história do povo brasileiro. Não podemos aceitar”, ratifica.

Lamento em poesia

O médico Manuel Fonseca também demonstrou, em poesia, seu lamento com a destruição do museu. Retomou poema escrito em 2014, quando foi anunciada a descoberta de Luzia, fóssil humano mais antigo das Américas, com cerca de 11.200 anos, que estava no Museu Nacional.

Luzia

Luzia iniciou sua jornada,
A primeira mulher de nossa terra,
Em Minas onde ergueu sua fronte ousada,
Corpo pequeno e mente, agora, eterna.

A primitiva vida atormentada,
Sua primeira morada uma caverna.
Será que a protegia alguma fada?
Alguma deusa a olhava, terna?

Que perigos enfrentou em sua lida,
Pois morreu jovem, vinte e poucos anos,
Talvez por feroz tigre bem ferida.

A flor da luz de suas mãos nascia,
Pois proteger seu grupo eram seus planos,
Quando o fogo na noite reluzia!

Mais

O incêndio no Museu Nacional foi controlado apenas por volta das 3h da manhã desta segunda-feira (3). Os bombeiros continuam no local fazendo o trabalho de rescaldo e de combate a outros focos de fogo. Oficialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do incêndio.

O Museu Nacional do Rio reunia um acervo de mais de 20 milhões de itens dos mais variados temas, coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. No local, estava a maior coleção de múmias egípcias das Américas.

No local, também estava Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas, que remete a 12 mil anos, e representa uma jovem de 20 a 24 anos. No museu, havia ainda o esqueleto do Maxakalisaurus topai, maior dinossauro encontrado no Brasil.

O museu é a mais antiga instituição histórica do país, pois foi fundado por dom João VI em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada nos institutos de pesquisa por reunir peças raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.