Aloysio Nunes ataca ONU, juristas e líderes internacionais
Chanceler do golpe, o tucano Aloysio Nunes concedeu uma entrevista estarrecedora ao Valor Econômico, na qual agride líderes internacionais, como François Hollande, Jose Luis Zapatero e Massimo D’Alema, a quem chamou de políticos em fim de carreira, apenas porque eles apontaram o óbvio: Lula é preso político.
Publicado 03/09/2018 13:21
“Alguns figurões em fim de linha, na Europa, escreveram um abaixo-assinado defendendo o Lula. Quem? O [ex-presidente francês] François Hollande, que não teve condições de concorrer à reeleição pelo Partido Socialista; o Massimo D’Alema, um dos responsáveis pela vitória da direita na Itália, porque rachou o Partido Democrático; o [espanhol] José Luis Zapatero, amigo do [venezuelano Nicolás] Maduro. Têm a audácia de insinuar que o Poder Judiciário no Brasil é incapaz de julgar. Respondi de forma dura e fui objeto de críticas injuriosas pela bancada do PT no Senado. Ninguém se levantou para sustentar minha posição. O que isso mostra? Que os partidos brasileiros não se interessam por política externa, mesmo quando ela é vital para os interesses domésticos do Brasil”, disse ele.
Aloysio também criticou o Comitê de Direitos Humanos e as vozes internacionais – incluindo os principais juristas do mundo – que dizem o mesmo. Na sua visão, os que denunciam a perseguição a Lula acreditam no mito do “bom selvagem”. “O Lula é um excelente produto para venda no exterior. Mas também porque existe, nesses meios, um terceiro-mundismo que presta homenagem ao Lula para expiar os pecados cometidos no passado. O [ex-presidente francês Jacques] Chirac era doido pelo Lula. O [George W.] Bush era a mesma coisa. É uma espécie de mito do bom selvagem. Você pega o francês Le Monde, The New York Times e é isso. O Lula se encaixa perfeitamente no mito”, diz ele.
A agressividade de Aloysio, no entanto, não atinge os Estados Unidos e ele exalta a parceria para entregar a Base de Alcântara.
“Eu mesmo fui duas vezes aos EUA, fora reuniões da OEA ou da ONU, me encontrar com Rex Tillerson e com Mike Pompeo [os dois secretários de Estado no governo Trump]. Quando estive lá pela primeira vez, levei uma sugestão de dez pontos de interesse recíproco para a agenda bilateral. Criamos um fórum permanente de segurança pública para troca de informações em tráfico de drogas, armas e pessoas. Temos dois acordos na área de defesa. E o mais importante: a negociação do acordo de salvaguardas tecnológicas para lançamentos comerciais na base de Alcântara, no Maranhão.”