Professores e estudantes protestam contra cortes de Macri na Educação
Nesta quinta-feira (30) acontece o maior protesto universitário dos últimos 35 anos, desde o retorno da democracia na Argentina. Milhares estudantes e professores vão às rua de Buenos Aires para denunciar os cortes do presidente neoliberal Maurício Macri na educação do país, considerada uma das melhores do continente até então.
Publicado 30/08/2018 11:23

Em greve há quase um mês, as universidades pressionam o presidente Mauricio Macri em um momento em que a palavra de ordem é ajuste nas contas públicas. A inflação descontrolada promete transformar o país num palco de reivindicações salariais.
Na quarta semana da greve, a passeata desta quinta-feira, em Buenos Aires, parte às 17h do Congresso em direção ao Ministério da Educação. O protesto promete ser maciço. Manifestações devem ocorrer também em cidades do interior do país. Onde houver uma universidade em greve, deve haver um protesto.
Além de professores e de alunos pelas ruas, a passeata convocada pelos seis sindicatos envolvidos no conflito deve ter a participação de militantes de outros setores, sindicais e políticos, interessados em pressionar o presidente Macri. Os sindicatos prometem um plano de luta e precisam demonstrar força com a marcha de hoje.
Ao longo desta semana, as aulas foram dadas nas ruas como forma de protesto. Professores e alunos bloquearam avenidas e fizeram do asfalto uma sala de aula improvisada. São aulas ao ar livre que visam chamar a atenção para o problema.
Greve nacional
A paralisação atinge 57 universidades públicas nacionais e 60 colégios pré-universitários, que recebem mais de um 1,5 milhão de estudantes e 170 mil professores.
O aumento salarial é a reivindicação principal, mas há também pedidos de maior orçamento, de obras e até de bolsas de estudo. 90% do orçamento destinado às universidades cobrem apenas os salários dos professores.
Em paralelo ao conflito universitário, também estão em greve as escolas da província de Buenos Aires, a mais populosa do país. Todas essas reivindicações salariais, no entanto, prometem ser a antessala de outros conflitos.
Inflação galopante
O governo previa uma inflação de 15% no começo de 2018. No meio do ano, passou a 20%. Depois, a 25%. Agora, já admite mais de 30%. Os acordos de aumentos salariais anteriores tinham uma cláusula de revisão que promete ser ativada agora.
Ontem mesmo, a Central Geral dos Trabalhadores anunciou uma greve geral no dia 25 de setembro. O anúncio veio em meio a uma nova desvalorização de 7% do peso argentino, totalizando 70% de desvalorização desde o começo da crise em abril.
O país que previa crescer 3% no começo do ano, agora prevê encolher, pelo menos, 1%. Assim, a Argentina combina recessão com inflação, um coquetel ideal para conflitos econômicos, sociais e políticos.