Greve de fome encerra após 26 dias e revela STF de costas para o povo

Às custas do sacrifício de sete militantes de movimentos populares, o Brasil teve revelada a falta de sintonia entre a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os anseios da população. Após 26 dias de greve de fome, que denunciou a prisão injusta de Lula e a volta da fome ao país, o movimento foi encerrado neste sábado (25) sem sensibilizar o Supremo. Acesse AQUI ato de encerramento ao vivo.

Por Railídia Carvalho

fim dagreve de fome 25de agosto - Leonardo Milano/ Midia ninja

“Após 26 dias decidimos suspender a greve por entender que ela cumpriu com o sentido de provocar os objetivos que nos propusemos desde o início desta ação política. Nos sentimos vitoriosos pois assim se sentem os que tem acúmulos importantes para a luta popular”, disse o manifesto dos grevistas lido por Rafaela Alves, que participou da greve, e estava emocionada.

O anúncio foi realizado em ato político no Centro Cultural de Brasília com a presença de diversos representantes de movimentos sociais e sindicais. Ao longo da greve foram mais de 500 manifestações de solidariedade de entidades de direitos humanos, artistas e militantes dos movimentos populares.

Leonardo Soares, do Levante Popular da Juventude, e também um dos grevistas dividiu a leitura do manifesto com Rafaela. O documento definiu a atmosfera do STF como um “teatro fantasioso guiado pela mídia burguesa e com pouca sensibilidade com o povo e sem respeito à Constituição Federal”.

Mesmo debilitados fisicamente, os manifestantes se mostram dispostos à luta. “Ocupamos o STF com atos políticos, inter-religiosos, realizando audiência com os ministros, denunciamos o não cumprimento da determinação da comissão de direitos humanos da ONU (pela garantia ao direito de Lula ser candidato). Seguimos dispostos na luta e em seguir com as tarefas históricas. Lutaremos de forma incansável pelo direito à justiça para Lula, pela Constituição soberana e um projeto popular para o Brasil”.

Stédile: Entramos no templo dos faraós

Dirigente do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, fez uma balanço das lutas populares dos últimos meses e destacou a greve e a Marcha Nacional Lula Livre como vitórias expressivas. “Nesse último período os movimentos sociais recuperaram a iniciativa política”.

Na opinião dele, os grevistas abriram as “portas do templo dos faraós”. “É o STF o tempo dos faraós. Não foi possível abrir essa porta que libertaria Lula e mais 200 mil se votassem a ADC, uma das reivindicações dos grevistas. Eles estão cercados pelo capital, o pecado original deles é que o poder não vem do povo”, enfatizou Stédile.

Lula aos grevistas: estamos unidos na luta em defesa do Brasil

A presidenta do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffman deixou uma mensagem em vídeo aos manifestantes que foi enviada pelo ex-presidente Lula. O presidente Lula pediu pra dizer que ele é candidato a presidente e vai até o fim. Disse que estamos unidos nessa caminhada na luta em defesa do Brasil e do povo brasileiro”.

Os militantes que participaram da greve de fome foram o frei franciscano Sérgio Antonio Gorgën, Rafaela Alves (Movimento dos Pequenos Agricultores), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (os três do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e Leonardo Soares (do Levante Popular da Juventude).