Na Paraíba, Haddad defende enfrentamento aos bancos para baixar juros
Cumprindo agenda no Nordeste, Fernando Haddad, candidato à vice-presidência e porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou de ato pela Educação no Clube Cabo Branco, em João Pessoa, Paraíba, com a presença de Ricardo Coutinho (PSB), governador da Paraíba.
Por Dayane Santos
Publicado 23/08/2018 14:26
Haddad reforçou que a candidatura de Lula deve ser homologada, mas ponderou que não é possível prever a decisão da Justiça diante das demonstrações de parcialidade, principalmente quando se trata de Lula.
“Infelizmente, nós não podemos prever qual vai ser a decisão da Justiça. Em lugar civilizado é possível prever a decisão. Basta ler a lei. Hoje, a gente não consegue prever nem sendo advogado. Mas nós temos uma convicção: vamos manter a nossa mobilização até ver o Lula subindo a rampa do Planalto”, enfatizou.
Haddad voltou a afirmar que a prisão de Lula foi sem provas e que é motivada pela revolução que os dois governos do ex-presidente promoveram no país. “Como vão conseguir prender um projeto? Não vão e precisam entender que a liberdade vai falar mais alto. E a soberania popular vai se impor porque o poder emana do povo”, salientou.
O ex-prefeito de São Paulo lembrou que “o que é usurpado não é um poder legítimo e o povo não reconhece”. “Vejam a situação do Temer, usurpou o poder e não tem o respeito de ninguém”, afirmou.
O vice na chapa de Lula também criticou a política de desmonte do Estado do governo Temer. Classificou a Emenda 95 como um retrocesso que afeta os programas sociais. Ele disse ainda que a emenda tem reflexo diretamente no salário dos servidores públicos, inclusive da educação.
“Por vinte anos vai ficar congelado, porque repor a inflação significa que o servidor por vinte anos não vai ter reajuste, a não ser os lá de cima, que eles cuidam. Quanto mais ganha no atual governo, mais chance tem de um reajuste. Quanto menos ganha, menos chance tem de um reajuste. Quem ganha o teto quer furar o teto. Mas quem ganha menos não é nem recebido no Ministério do Planejamento. É assim que está funcionando no atual governo federal”, repeliu o vice de Lula.
Ele citou a criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação): o governo do ex-presidente Lula destinou R$ 13 bilhões por ano para o fundo. “Destes, R$ 10 bilhões vieram para o Nordeste todo o ano. Como o prefeito e o governador iriam pagar o piso do magistério se não fosse o Fundeb? E o Lula tem muito orgulho de ter sido o presidente que criou o Piso Nacional do Magistério”, destacou.
Segundo Haddad, uma das preocupações do ex-presidente Lula é com a juventude. “O Brasil do golpe não dá oportunidade para a juventude. E oportunidade é capacitação e trabalho. Se o ser humano tem acesso à educação e ao trabalho praticamente tem acesso a tudo porque é por meio destas portas que se abre um conjunto de realizações e se desenvolve”, enfatizou.
Ao falar sobre as medidas econômicas, Haddad defendeu um choque de gestão nos bancos como uma das medidas para reativar a economia.
“Vamos reativar a economia. Tem que gerar a oportunidade de trabalho para as pessoas. Para isso temos que fazer reforma tributária e temos que enfrentar os bancos. Nós não temos mais paciência com esses caras. Eles falavam: baixa a Selic que a gente abaixa os juros. Baixou a Selic e os juros continuam altos. Se entra no cartão de crédito não sai nunca mais. Vai comprar uma geladeira no crediário, para levar uma tem que pagar duas”, frisou.
E acrescenta: “Temos que dar um choque nos bancos. Quanto mais juros ele cobrar, mais imposto vai pagar. Quando banqueiro resolver subir os juros vai doer no bolso deles. Isso vai estimular o sistema bancário a oferecer taxas menores para as pessoas limparem o nome, para abrirem um negócio próprio. Para as pessoas fazerem um crediário de um eletrodoméstico, de uma passagem área. Não tem desenvolvimento sem isso”.
Questionado por uma ativista na plateia sobre a democratização da mídia, Haddad disse que este é um ponto central do plano de governo de Lula.
“Não estamos pedindo favor, mas imparcialidade. A mídia tem que ser imparcial, o Ministério Público tem que ser imparcial. O juiz tem que ser imparcial. É o que o Lula está pedindo”, defendeu.
Haddad, que está percorrendo o Nordeste brasileiro levando a voz e as ideias de Lula como candidato à Presidência, disse que tem visto e ouvido muita gente “defendendo Lula e dizendo que ele foi o melhor presidente da República”.
“É por isso que Lula está na liderança das pesquisas e vai continuar subindo”, declarou Haddad durante ato em Campina Grande nesta quarta (22). Ele apontou a perseguição política, jurídica e midiática que o ex-presidente vem sofrendo, parte de complô para desestabilizar a democracia no Brasil, “que agora tenta impedir que o Lula volte à Presidência”.
Ele afirmou também que o povo conhece Lula porque conhece seus “50 anos de vida pública, sabe que ele refundou o sindicalismo no Brasil e é reconhecido como líder internacional”.
O ex-ministro da Educação de Lula lembrou ainda das muitas vezes que esteve em Campina Grande ao lado de Lula, inaugurando escolas e promovendo a maior expansão federal de escolas técnicas da história desse país. “Nós queremos que o grande time que já governou esse país volte a governar sob a liderança do ex-presidente Lula”, disse Haddad.
Emocionado, o atual governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), declarou que o que move a militância na verdade são as ideias e “se eles rejeitarem a ONU, rejeitarem o povo brasileiro, a nossa resposta vai ser no dia 7 de outubro quando nós vamos eleger o candidato que representa as ideias do ex-presidente Lula”.
Relembrando o histórico ato de inauguração popular da transposição do Rio São Francisco pelo ex-presidente Lula em Monteiro (PB), João Azevedo, candidato ao governo do estado, afirmou que “os paraibanos e os nordestinos sabem a quem devem a obra da transposição. O Nordeste será eternamente um devedor do ex-presidente Lula”.