Com fracasso da intervenção, apoio ao exército nas ruas do Rio cai 17%
De acordo com dados divulgados pela pesquisa Datafolha nesta quarta-feira (22), o apoio dos moradores da cidade Rio de Janeiro à presença do Exército em operações nas ruas teve uma redução significativa de 83% para 66%. A queda é influenciada pelo fiasco da intervenção militar que trouxe sensação de insegurança e crescimento nos homicídios decorrentes de intervenção policial.
Por Verônica Lugarini
Publicado 22/08/2018 13:46
A descrença em instituições militarizadas tem crescido no país, é o que mostra a pesquisa Datafolha desta quarta. Segundo o levantamento, desde o início da intervenção militar no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano o índice dos que são a favor da convocação dos militares seguem em queda. Desde março, o apoio caiu de 76% para os atuais 66%. Ou seja, no período de apenas 5 meses a aversão dos cariocas em relação ao exército teve uma redução 10 pontos percentuais (p.p.). Enquanto isso, o número de pessoas contrárias passou de 20%, em março, para 27%.
Analisando o um período de 10 meses, o aumento da rejeição às Forças Armadas foi de 83% para 66%, ou seja, de 17 p.p..
Os números da pesquisa refletem a falência da intervenção militar no Rio de Janeiro. Com resultados pífios, aumento da repressão em comunidades e de homicídios, a intervenção levou ao descrédito da ação do exército que, longe de preservar a vida dos cariocas, tem elevado a quantidade de mortos em operações policiais.
Levantamento do Observatório da Intervenção revelou o crescimento de 63 casos de homicídios decorrentes de intervenção policial em julho de 2017 para 129 casos em julho deste ano. Os homicídios dolosos também subiram de 374 casos em julho de 2017 para 408 casos em julho de 2018. Para a entidade, o quadro é desalentador e mostra o equívoco e o descontrole no sistema de segurança pública.
A pesquisa Datafolha também destaca que maioria das pessoas acredita que a presença dos militares não fez nenhuma fez diferença na violência da cidade (59%). Em contrapartida, os a parcela da população que vê uma piora desde a ação do Exército no Rio cresceu: de 2% para 12% nos últimos dez meses.
Para Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB-RJ) a intervenção federal foi uma estratégia política. Além sido, Jandira destaca ser uma “intervenção falida, improvisada, sem estratégia. Helicóptero atirando de cima numa escola? Pobres matando pobres numa guerra que nunca haverá vencedores”, disse em seu Twitter.
A frase de Jandira é comprovada empiricamente pelo conselheiro do Observatório e diretor do Ibase, Itamar Silva.
“Não conseguimos responder quanto custa a intervenção objetivamente, mas conseguimos responder quanto vale uma vida na favela: é nada. É importante falarmos que a intervenção não só não produziu dados positivos em relação a questão da violência, mas ela aprofundou o preconceito da sociedade em relação à favela e, a licença para matar, foi institucionalizada. Hoje se mata na favela e não conseguimos nenhuma resposta o oficial dessas investigações. Hoje temos a desvalorização completa da vida na favela por meio de uma ação dos Estado e o não diálogo com a sociedade a partir das nossas cobranças”, falou.