Governo Temer não quer "politizar" situação de menores presos nos EUA
O ministro das Relações Exteriores do governo Temer, Aloysio Nunes, afirmou na quinta (21) que não quer "politizar excessivamente" a separação de crianças imigrantes que foram separadas de seus pais e presas em centros montados especialmente para dar cabo da política de tolerância zero de Donald Trump nas fronteiras do país; a política tem recebido inúmeras críticas de países e instituições, mas governo Temer recua porque irá receber Mike Pence, o vice dos EUA, em solo brasileiro
Publicado 22/06/2018 17:56
Aloysio disse que o governo brasileiro tem informações sobre onde estão as 49 crianças brasileiras nessa situação, sinalizou que vai tentar enviar recados aos pais sobre as condições dos pequenos e que as embaixadas deverão ajudar a regularizar a situação das famílias. Mas além de dizer que a política de Trump é "cruel", o chanceler brasileiro evitou fazer mais comentários.
O tom ameno do governo brasileiro com o ataque frontal aos direitos humanos antecede a visita ao Brasil do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que desembarcará em Brasília no dia 26 de junho "para reuniões bilaterais" com "Temer e outras autoridades do governo brasileiro."
Em todo o mundo, a separação e a prisão das crianças foi motivo de repúdio.
A BBC Brasil entrevistou Antar Davidson, um ex-funcionário de um dos centros para crianças imigrantes na fronteira entre México e Estados Unidos. A desumanidade foi o fator que o levou a pedir demissão: ele foi orientado a impedir que irmãos se abraçassem quando receberam a notícia de que os três seriam separados em função das diferenças de idade e gênero. Seria uma segunda separação, pois no dia anterior, os pequenos foram apartados da mãe e estavam ali no centro sem saber até quando a situação iria perdurar.
Segundo Davidson, a política nestes centro é de contato zero entre as crianças. Ele relatou que funcionários ficam gritando ordens para que elas se separem, em espanhol, uma lingua que a maioria ainda não entende.
Em entrevista à CNN, a empresa responsável pela gestão do centro negou que as crianças sejam impedidas de ter contato humano entre si.
"Mais de 2,3 mil crianças que ingressaram nos Estados Unidos de forma irregular foram separadas dos pais entre 5 de maio e 9 de junho", informou a BBC.