Governo do Estado diplomará novos Mestres e Mestras da Cultura
Num momento de celebração da cultura cearense e cumprindo a meta do Plano Estadual de Cultura de aumento do número de mestres de 60 para 80, o Governo do Estado do Ceará diploma 16 novos mestres e mestras da cultura e 2 grupos de tradição e 1 coletividade, nesta segunda-feira (25), às 14h, no Theatro José de Alencar.
Publicado 21/06/2018 10:30 | Editado 04/03/2020 16:22
Na ocasião, os mestres e mestras da cultura selecionados por meio do Edital Tesouros Vivos da Cultura da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), também receberão o Título de Notório Saber em Cultura Popular, concedido pela Uece, e farão uma roda de conversa no jardim do TJA. O momento será também de lançamento de novo edital para seleção de mais Tesouros Vivos da Cultura.
"A lei dos Tesouros Vivos da Cultura do Ceará é uma lei pioneira no Brasil, voltada para o reconhecimento dos saberes e fazeres dos mestres e mestras da cultura tradicional e popular. No entanto, ela trazia ali, um número de 60 mestres. O Governador Camilo Santana, ainda na sua campanha no Plano de Governo 7 Cearás, e no Plano de Estadual de Cultura, sancionado em 2016, sinalizava para a ampliação de 60 para 80 mestres, que se tornou possível em junho de 2017, com a Lei Nº16.275, que ampliou para 80 o teto máximo. Realizamos para isso um primeiro Edital, no qual selecionamos 16 mestres, quando o limite era 12. Como havia a vacância de alguns mestres que faleceram chegamos a 16, e agora nós podemos selecionar mais 11 mestres, atingindo assim a meta dos 80 mestres da cultura reconhecidos pelo Estado", ressalta o secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba.
"Esta diplomação conta com uma dupla certificação, uma da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e a segunda que é uma certificação com o título de Notório Saber em Cultura Popular pela UECE. Esta titulação outorgada pela UECE é uma conquista não só dos mestres e das mestras, mas também da própria universidade. A partir do momento em que reconhece os saberes, ela incorpora ao seu universo acadêmico e cria uma convivência em torno da construção do conhecimento e do pensamento da política cultural e, sobretudo da diversidade cultural que estes saberes e fazeres detêm. Vai ser um momento muito marcante, pois estarão aqui os mestres já diplomados e titulados, com os novos mestres e mestras, no Theatro José de Alencar, que é o nosso templo cultural sagrado. Com uma programação com rodas e apresentações artísticas dos mestres e mestras. Será uma data muito importante em que o Estado titulará estes Tesouros Vivos da Cultura", destaca também o gestor.
Título de Notório Saber
O encontro entre a cultura acadêmica e a cultura popular. Em articulação com a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) concederá o Título de Notório Saber em Cultura Popular aos novos mestres e mestras da cultura do Ceará. Assim como foi feito em 2016, no X Encontro Mestres do Mundo com os mestres diplomados até então, os novos mestres também irão dispor deste título que dará ainda mais visibilidade e atenção para os tesouros vivos de nossa cultura.
A academia reconhece os saberes, os fazeres e as artes dos mestres, que, com esse título, poderão, inclusive, ser convidados por universidades e outras instituições de ensino para palestras e outras atividades, sendo remunerados da mesma forma que professores que contam com essa distinção. Portanto, esta é mais uma conquista dos mestres e mestras da cultura do Ceará.
Ampliação dos Mestres e Mestras da Cultura do Ceará
Com o resultado do Edital de 2017, o Ceará passou a contar com 69 mestres. Em 20 de junho de 2017, o governador Camilo Santana sancionou, em solenidade na cidade do Crato, na Região do Cariri, a lei que amplia o número de Mestres da Cultura do Ceará, oficialmente reconhecidos pelo Estado, de 60 para 80. A ampliação representa o cumprimento de uma das metas do Plano Estadual de Cultura, instituído em junho de 2016 e que contempla diretrizes para a valorização da cultura popular tradicional.
Uma vez por ano, todos os mestres da cultura oficialmente reconhecidos se reúnem no Encontro Mestres do Mundo, promovido pela Secult. A edição mais recente do evento aconteceu entre novembro e dezembro de 2017, em Limoeiro do Norte. O Encontro recebeu recentemente o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, maior do Brasil na área de Patrimônio Cultural
Mais sobre os mestres e mestras da Cultura do Ceará
Os mestres são reconhecidos como difusores de tradições, da história e da identidade, atuando no repasse de seus saberes e experiências às novas gerações. Selecionados pela Coordenadoria de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secult, após apresentação de propostas pela sociedade civil, os mestres da cultura passam a contar com reconhecimento institucional e recebem um subsídio no valor de um salário mínimo mensal, como auxílio para a manutenção de suas atividades e para a transmissão de seus saberes e fazeres. O programa Mestres da Cultura se tornou um referencial do Ceará para o Brasil, recebendo, à época de sua criação, prêmio do Ministério da Cultura, pela qualidade e pelos efeitos da iniciativa.
Conheça os novos mestres
Geraldo Amâncio (Fortaleza). É considerado um dos maiores cantadores/repentistas, em atividade, do Nordeste. Gravou 18 discos de cantoria fazendo dupla com renomados cantadores e recebeu mais de 150 prêmios nas cerca de 200 cantorias/festivais.
Hugo Pereira (Majorlândia). Lidera o grupo Grupo de Dança de Coco da Majorlândia que tem registro documentado pelo folclorista Florival Seraine, no seu livro Antologia do Folclore Cearense e pelo pesquisador Oswald Barroso.
Jaime Arnaldo Rodrigues (Barbalha). Ladrilheiro hidráulico, há 58 anos mantém-se da atividade, consagrando-se como o mais antigo e único atuante nessa profissão, já que, a fabricação do ladrilho hidráulico é um processo que prescinde da atividade manual/ artesanal.
João Paulo Vieira (Meruoca). Mestre de Reisado "de Careta", sua atuação mais permanente foi à frente do grupo de bumba-meu-boi Estrela da Serra, formado por cerca de 20 brincantes e que se apresenta nas comunidades de Recife e Frecheiras da Boa Vista, do município de Meruoca.
Zé Carneiro (Pacoti). Mateiro e guia, conhecendo palmo a palmo as reservas naturais dos sítios de Pacoti e municípios vizinhos, como Guaramiranga, Palmácia, Mulungu e Baturité. Sua popularidade cresceu depois que encontrou, nessas buscas com pesquisadores, espécies endêmicas, ou seja, animais que somente existem na serra de Baturité.
Macaúba (Fortaleza). Pouca gente sabe que José Felipe da Silva é o Macaúba, conhecido nas rodas de choro e samba, de Fortaleza, tocando bandolim. Bandolinista virtuoso, autodidata, aos 13 anos já tocava em reisados, pastoris e teatro de bonecos.
Mestre Almeida / José Maria de Paula (Fortaleza). Tem atuando no papel de Rainha de maracatu – que é considerada a figura mais importante do cortejos, sendo, no Estado do Ceará, o mais antigos brincantes, com mais de 37 anos de participação em maracatu e 30 anos assumindo a personagem de Rainha.
Mestre Zé Renato (Fortaleza).Iniciou a sua trajetória na capoeira por volta de 1960, tendo criado o primeiro grupo de capoeira da capital cearense.
Mestre Paulão (Fortaleza). Paulo Sales Neto iniciou suas atividades na capoeira no ano de 1974, depois do primeiro contato que teve, através de pequenos grupos que, então se reuniam no bairro onde morava, em Fortaleza. A partir disso passou a dedicar-se à difusão dessa arte afro-brasileira, no município. Associou-se ao Grupo Senzala, de influência nacional, e, criou, com colegas, no ano de 1989, o grupo Capoeira Brasil, hoje presente em vários países do mundo.
Geraldo Gonçalves – In Memorian (Assaré). Poeta Popular, Geraldo Gonçalves era primo Patativa, tendo falecido em maio de 2018, antes de ser diplomado como mestre da cultura.Geraldo nasceu em Assaré, na Região do Cariri. Neste ano completaria 73 anos, dos quais em grande parte foram dedicados à elaboração de trabalhos na literatura popular, literatura de cordel, declamações poéticas, sonetos, trovas, dentre outras expressões que foram retratadas pelo roteirista, cineasta, documentarista e produtor Rosemberg Cariri, no CD "Cenas Sertanejas".
Pedro Bandeira (Juazeiro do Norte). Poeta e repentista, é considerado um dos cinco melhores cantadores de viola do Brasil, tem música gravada por Luiz Gonzaga, Luiz Vieira, Raimundo Fagner, Alcimar Monteiro, Maryvalda Cariri e Trio Nordestino.
Rita de Cássia da Cunha (Sobral). Mestra doceira, dona Rita é famosa por sua receita de um prato tradicional: o fartes, primeiro doce português a chegar no Brasil. Foi nos anos de 1980 que começou a fazer os fartes aprendidos com a madrinha.
Mãe Zimá (Fortaleza). Instituições como o Centro Cultural Humaitá, de Pesquisa da arte e cultura Afro-brasileira; a Associação Nacional de Preservação do Patrimônio Bantu; o Coletivo Cultural de Matriz Africana Ibilié; a Associação Afro Brasileira de Cultura Alàgba, que promovem estudos sobre as tradições afro-brasileira, conhecem ser Mãe Zimá portadora de imenso prestígio por sua atuação como Mãe de Santo junto às comunidades.
Antônio Rafael Sobrinho (Tarrafas). Poeta popular com larga produção na área da Literatura de Cordel, atividade cultural iniciada ainda na infância, como ouvinte das histórias tradicionais do Cordel. Tem poesias populares publicadas em livro e mais de 80 títulos publicados no formato de folheto de Literatura de Cordel.
Francisca Zenilda Soares (Assaré). Dona Zenilda fabrica linguiça de forma completamente, artesanal. O modo de fazer é antigo, tradicional, vem da família há mais de 100 anos, tendo aprendido com a mãe.
Mestre Chico Bento Calungueiro (Trairi). O único brincante da arte popular do teatro de bonecos em atividade no município de Trairi. Quando o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) criou um programa de registro e preservação do patrimônio imaterial, com foco no mamulengo, Mestre Chico Bento foi reconhecido, tendo rebebido o título pelos serviços prestados na área da cultura.
Grupos selecionados
Maracatu Az de Ouro – O Maracatu Az de Ouro foi fundado, em 26 de setembro de 1936. Desfilou pela primeira vez no ano seguinte, e desde então vem mantendo a sua dedicação a esta tradição afro-brasileira em Fortaleza. É o mais antigo dos maracatus do Ceará.
Reisado da Família Ramos – A tradição do Reisado da Família Ramos existe há mais de 60 anos. Tem como seu lugar de sociabilidade, moradia e trabalho o assentamento Ipueira da Vaca. Iniciado com o Seu Zé Ramos na Serra da Aratuba, o reisado vem ao longo das gerações mantendo o processo de transmissão de saberes.
Coletividade selecionada
Associação da Mãe das Dores e do Padre Cícero- A associação foi constituída em 1984 a partir da conscientização de algumas pessoas que não concordavam com o processo de exploração a que eram submetidos os artesãos que trabalhavam com a palha de carnaúba. Hoje, a associação conta com mais de 25 sócios diretos e produz uma vasta variedade de artigos feitos de palha, cipó etc.