ONU condena Israel pela violência em Gaza
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou na quarta-feira (13), por maioria, uma resolução em que se exige "proteção" aos civis palestinos. Os EUA tentaram aprovar uma emenda, sem êxito. Israel foi condenado por ""uso excessivo da força"
Publicado 14/06/2018 15:23
A resolução, apresentada pela Argélia e pela Turquia, foi aprovada com 120 votos a favor, 45 abstenções e oito votos contra. Uniram-se a Israel e aos EUA, contra o documento que condena Israel por "uso excessivo e indiscriminado da força" contra civis palestinos, a Austrália, as Ilhas Marshall, a Micronésia, Nauru, as Ilhas Salomão e o Togo.
A resolução solicita ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que apresente propostas no prazo de 60 dias sobre meios de "garantir a segurança, a proteção e o bem-estar da população civil palestina sob ocupação israelense", indica a PressTV.
Além de condenar as ações violentas por parte dos militares israelenses contra o povo palestino, o documento exige que os responsáveis pelas violações de direitos e pelos assassinatos respondam perante a Justiça, e que sejam "dados passos imediatos para acabar com o bloqueio e as restrições impostas por Israel" à Faixa de Gaza.
Uma proposta de teor semelhante, apresentada pelo Koweit no Conselho de Segurança das Nações Unidas, foi vetada no início de junho pelos EUA, na sua qualidade de membro permamente do organismo.
Na quarta (13), a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, procurou aprovar uma emenda à resolução no sentido de condenar a "violência" do Hamas, que governa em Gaza. A emenda não foi incluída na resolução, uma vez que não alcançou a necessária maioria de dois terços para passar. Registou 62 votos a favor, 58 contra e 42 abstenções.
"Ogivas para os mísseis do Hamas"
Danny Danon, embaixador de Isarel nas Nações Unidas, criticou a resolução por "fortalecer o Hamas" e acusou os países que a apoiaram de serem "coniventes com uma organização terrorista". "Tenho uma mensagem simples para aqueles que apoiam esta resolução: vocês são munições para as armas do Hamas, vocês são ogivas para os seus mísseis", disse, citado pela RT.
Haley fez o habitual discurso de fiel aliada de Israel, tendo afirmado que a resolução é "parcial" e "não faz referência ao Hamas, que de forma rotineira inicia a violência". Acrescentou que "aquilo que torna Gaza diferente é que atacar Israel é o seu desporto político favorito".
Em resposta à "resolução parcial", Haley não fez nem menção a brutalidade da repressão israelense em Gaza e nos territórios ocupados da Margem Ocidental, às violações de direitos humanos cometidas pelas forças ocupantes ou aquelas que resultam do bloqueio imposto a Gaza.
Já o embaixador boliviano, Sacha Llorenti, lembrou as responsabilidades que os EUA possuem no prolongamento da "questão palestina", especialmente pelo modo como agem no Conselho de Segurança, onde garantem que Israel "conta com direito de veto".
Llorenti afirmou que as Nações Unidas ainda não cumpriram a promessa que fizeram à Palestina – a criação do Estado, livre e soberano – e acusou a administração norte-americana de, com a sua decisão de mudar a sua embaixada em Israel para Jerusalém, ter aumentado as tensões na região, refere a Prensa Latina.
Brutal repressão, desde 30 de Março
Mais de 130 palestinos foram mortos e quase 14 mil foram feridos pelas forças militares israelenses, desde 30 de março, nos protestos da Grande Marcha do Retorno, para reivindicar o direito dos refugiados a regressar às suas casas.
No âmbito destes protestos, a repressão das forças israelenses atingiu o ponto mais alto a 14 de Maio, véspera do Dia da Nakba e dia em que os EUA mudaram oficialmente a sua embaixada de Telavive para Jerusalém.