Temer quer deixar Brasil nas trevas com privatização da Eletrobras
Nesta terça-feira (12), lideranças políticas e movimentos sociais promovem ações nas redes sociais para denunciar o desmonte do planejamento energético nacional e evitar a alteração da política de preços acessíveis ao consumidor de baixa renda.
Por Iberê Lopes
Publicado 12/06/2018 13:42
O Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STIU-DF) reforça em seu twitter que a eficiência da Eletrobras “não se mede por seu lucro, mas pelo número de brasileiros atendidos. Por isso a Eletrobras vende a energia mais barata do Brasil e nos lugares mais distantes”.
Líder em geração de energia elétrica no Brasil, a gigante estatal do setor permanece na mira das privatizações anunciadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Na segunda-feira (11) o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) suspendeu, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), liminar que impedia a entrega na estatal ao capital estrangeiro.
De acordo com parlamentares contrários à medida, o futuro dos programas de universalização do acesso à eletricidade (Luz para Todos), por exemplo, pode ficar comprometido se a principal empresa de energia mudar sua característica pública.
A privatização da Eletrobras representaria o fim dos subsídios sociais de baixa renda e o fim da tarifa social, deixando mais cara a conta de luz para os mais pobres. “Não vamos deixar que Temer junto com sua turma deixe nosso Estado nas trevas”, afirma a líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin (AM).
A estatal possui atualmente 48 usinas hidrelétricas, 112 termelétricas a gás natural, óleo e carvão, duas termonucleares, 70 usinas eólicas e uma usina solar, próprias ou em parcerias. É um dos maiores empreendimentos de geração de energia no Brasil e no mundo.
Para a pré-candidata do PCdoB ao Planalto, Manuela D’Ávila, o valor que o governo pretende arrecadar com a oferta de ações da estatal (R$ 12,2 bi) é uma tentativa de entregar “a preço de banana” o patrimônio público para o capital estrangeiro. “É marca do desgoverno Temer”, critica.
A decisão do TRT-1, que fixava prazo de 90 dias para observação dos impactos da privatização nos contratos de trabalho, pode afetar a Amazonas Distribuidora de Energia S.A. (Amazonas Energia), as Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), a Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), a Companhia Energética de Alagoas (Ceal) e a Companhia Energética do Piauí (Cepisa).
As distribuidoras de energia elétrica contam com 11.405 funcionários, sendo 6.277 contratados e 5.128 terceirizados. “Venda da Eletrobras para empresa privada ou mesmo para a grande estatal chinesa vai concentrar mercado! O Brasil perderá o controle sobre os preços e milhares de empregos”, destaca o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Com capacidade geradora equivalente a cerca de 1/3 do total instalado no país, os investimentos previstos entre 2018 e 2022 para a gigante do setor elétrico giram em torno de R$ 20 bilhões. O governo federal não apresentou, ainda, garantia de que este montante não sofreria alteração.
“A gestão de Temer está perdoando dívidas de latifundiários e grandes empresários que ultrapassam o valor dos R$ 20 bilhões propostos para vender a Eletrobras. Não vão privatizar um dos maiores patrimônios do povo”, conclui a vice-líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Em seu segundo dia de greve, 85% dos trabalhadores da Eletrobras permanecem paralisados na tentativa de manter o controle estatal do setor elétrico.