Bolsonaro insinua que desemprego afeta mulheres por incompetência
As mulheres são maioria da população e também são a principal força eleitoral. Mesmo assim, o pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) parece pouco se importar com o que elas pensam e destila opiniões que certamente faziam parte do discurso que predominava antes do direito ao voto feminino, em 1932. A pérola da vez foi dita em um evento em Salvador, em que Bolsonaro insinua que o desemprego afeta mulheres por incompetência.
Publicado 12/06/2018 13:25
“Se mulher fizesse a mesma coisa que o homem e ganhasse menos, todas as mulheres estariam empregadas”, disse o pré-candidato, segundo o sita Bahia.ba para justificar seu posicionamento de achar justo que mulheres tenham salário menor que o de homens.
Ele disse que fez “um estudo” para entender o motivo da disparidade. “Respondi a uma entrevista dizendo minha opinião do motivo de mulher ganhar menos do que homem. Pesquisei, fui atrás, dei os dados de acordo com o que acontece na vida real”, disse Bolsonaro em coletiva de imprensa.
Bolsonaro já havia afirmado coisa pior em entrevista ao jornal Zero Hora, em 2014. “Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo. Daqui a pouco engravida. Seis meses de licença-maternidade’ (…) Por isso que o cara paga menos para a mulher. É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual”, explicou a sua tese.
Em 2016, em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, na RedeTV!, ele tentou fundamentar o que falou ao jornal gaúcho. “Eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”, disse, como se o contrário não fosse a mesma coisa.
Ainda sobre temas que dizem respeito às mulheres, o pré-candidato ultradireitista defendeu em um vídeo que o feminicídio é um “mi-mi-mi”. A afirmação é uma verdadeira aberração diante do fato de que o Brasil tem uma das maiores taxas de homicídios de mulheres no mundo, ostentando a quinta posição em um ranking de 83 nações, com 4,8 em 100 mil, uma média de 13 mulheres mortas por dia.
Em um vídeo no ano passado, gravado por ocasião do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Bolsonaro disse: “Parabéns a todas as mulheres do Brasil porque eu defendo a posse de armas de fogo para todos, né? Inclusive vocês, obviamente, as mulheres. Nós temos de acabar com o mi-mi-mi. Acabar com essa história de feminicídio, que, daí, com arma na cintura, vai ter é homicídio”.
A afirmação foi acompanhada de risos, inclusive endossados por uma das coordenadoras do movimento de direita que insuflou o golpe, Carla Zambelli, do Nas Ruas.
Em outras entrevistas, Bolsonaro chegou a dizer que “fraquejou” ao ter o quinto filho e, por isso, ela nasceu mulher. Mas uma de suas declarações lhe rendeu um processo por apologia ao estupro, quando chamou a deputada Maria do Rosário de “vagabunda” e afirmou que jamais iria estuprar a parlamentar porque ela era “muito feia” e “não merece”.
Sendo uma parcela decisiva do eleitorado, as mulheres rejeitam Bolsonaro, segundo apontam as pesquisas de intenções de voto. Se até 27% dos homens afirmam que pretendem votar nele, entre as mulheres este número cai para até 12%, segundo o Datafolha.