Jandira Feghali: Minha visita a Lula
Dia 29 de maio de 2018, terça-feira. No último andar do prédio da Polícia Federal, em Curitiba, entramos em oito parlamentares que compõem a comissão externa da Câmara dos Deputados e, por força de liminar no STF, em busca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O enorme concreto, mesmo que arquitetonicamente moderno, lembrava um castelo, desses medievais. Era o encastelamento metafórico de um grande líder, um dos maiores da América Latina
Publicado 09/06/2018 16:14
Dois sentinelas, um pequeno corredor, um quarto que isola um homem que lidera o desejo de votos do povo brasileiro. Um Silva pobre, que de forma altiva e soberana, encantou os chefes de Estado de todo o mundo. Que mudou o Brasil e o paradigma do governante, que deslocou a vida de milhões, concretizou expectativas, prospectou cenários, gerou sonhos.
Encarcerar este líder “foi o jeito”, assim pensaram os que rasgaram a Constituição e golpearam a democracia.
Ao adentrar aquele lugar, senti o verdadeiro significado do golpe: A MENTIRA. A grandeza do Brasil, realmente, não cabe naquele quarto.
Deus! Bateu uma imensa revolta misturada à tristeza. Olhei nos olhos de Lula e identifiquei os mesmos sentimentos, mas percebi algo mais forte nele, a ESPERANÇA!
Afirmou com muita força e altivez sua inocência e a disposição de lutar. Impressionante que, mesmo ali, preso, demonstra profunda preocupação com o Brasil, com a situação do povo brasileiro, dá opiniões vivas, cobra nossa luta, e confirma sua pré-candidatura à presidência da República. Não se deixa vencer!
Rodeado por textos e livros, mas também com sua esteira e elásticos para manter a forma física, garante a energia necessária que completa o alimento espiritual quando conhece a solidariedade que todos os dias acontece em Curitiba, em vários pontos do Brasil e no Mundo. LULA LIVRE são marcas das manifestações em todos os cantos, nos campos de futebol, shows, festivais, camisetas, salas de cinema e tudo mais que a criatividade e a emoção possam imaginar e realizar.
Deixei com ele um bordado feito por minha filha, um livro, cartas, muitos afetos, abraços… Nós, parlamentares de cinco partidos diferentes, ficamos quase 2 horas de frente para o maior líder popular do nosso país, que após vários comentários e opinões nos fez falar com a dolorosa contundência desta pergunta: “Como está a vida lá fora?”
Aliás, saí da visita muito mal. Como virar as costas e deixar lá um inocente, que além do ser humano que tanto gostamos, só está lá porque representa uma possibilidade concreta do Brasil voltar para o seu povo! E, certamente, voltará.
*Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da oposição.