Congresso internacional reúne 3 mil contra retrocessos no Brasil

Na noite desta quarta (30/05), a força de aproximadamente três mil pessoas reverberou na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus (AM), entoando palavras de ordem contra os retrocessos nas políticas sociais brasileiras, que vêm sendo fragilizadas desde 2016. O motivo do encontro, que reúne ativistas de diferentes países, é o 13º Congresso Internacional Rede Unida, organizado por várias entidades. Dentre elas, o Conselho Nacional de Saúde (CNS).

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Diversas apresentações deram o tom artístico e político da abertura do evento, dentre elas, o Balé Folclórico do Amazonas, que dança a diversidade da fauna e flora da região norte, além de exaltar a cultura tradicional indígena e popular local. Na ocasião, Vanilson Torres, conselheiro do CNS, recitou um poema em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da democracia. “Eles tentam nos calar, mas agora sim devemos mais alto cantar e lutar. Do Sul ao Norte, unidos seremos mais fortes”.

De acordo com Ronald dos Santos, presidente do CNS, o congresso deseja reverberar o esforço dos participantes para que milhões de brasileiros construam uma grandiosa atuação popular na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8). “A música da democracia e da saúde é a harmonia que precisa ser cantada. A agenda da saúde tem condições de trazer um amanhecer que possa mudar o grave momento da vida nacional. Não temos dúvida de que vivemos um ataque brutal à Constituição de 1988. Por isso, precisamos falar com o povo, disputar as ideias e nada melhor como um processo de debate na conferência”.

Rodrigo Tobias, presidente do 13º Congresso da Rede Unida, destacou os dez países que participam do evento. O objetivo é a construção de uma rede de resistência e re-existência. “O momento é de união para enfrentarmos as mazelas políticas. Temos que repensar as políticas sociais de saúde no Brasil e nos constituirmos como agentes ativos e transformadores de nossa sociedade”, afirmou.

A professora Selma Barçal, representante da Universidade Federal de Oliveira (Ufam), onde o evento está sendo realizado, afirmou que a Ufam está em luta pelos direitos coletivos Ufam, ainda mais diante do momento político. “O SUS vem sendo agredido no nosso país. Da barbárie viemos, não podemos voltar para lá. O homem não pode ser feliz quando ao lado da sua casa há pessoas que passam necessidade”.

Renato Tasca, representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), acredita que a construção de uma rede em diálogo poderá ser capaz de defender a saúde no Brasil. “A necessidade de estarmos unidos em rede é mais importante devido a um contexto atual que deixa consequências negativas, sobretudo para as camadas mais vulneráveis. Os resultados do SUS são referência para o mundo, não podemos deixar a situação ficar mais crítica”, defendeu.

Reinaldo Costa, reitor da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), fez um resgate histórico da conquista de direitos no Brasil. “Sonhamos com a saúde como algo coletivo, como uma prática do nosso país. Em seguida conseguimos com o SUS, que completa 30 anos em 2018. Hoje vivemos tempos sombrios, mas não podemos perder de vista a luta diária pela saúde e pela vida do povo brasileiro”, disse.

Valcler Rangel, representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que o Congresso é um espaço capaz de oferecer alternativas para a sociedade diante dos problemas sociais. “Eu quero falar de liberdade. Juntos somos fortes, poderemos enfrentar essa situação. Precisamos fazer política nesses dias de congresso, juntar gente para dizermos à sociedade que queremos democracia, mais liberdade e menos interesses privados nas políticas públicas”. Na ocasião, ele mencionou o nome de diversos ativistas sociais brasileiros que foram assassinados por lutarem pelos direitos do povo.

Francisco Deodato Guimarães, secretário de saúde do estado do Amazonas; Marcelo Magal, secretário municipal de saúde de Manaus; Julio Schwwickardt, coordenador da Rede Unida; além de diversos representantes de movimentos sociais, participaram do evento. O CNS deve realizar mais de 30 atividades dentre rodas de conversa, debates, oficinas e fóruns que trazem como tema central a luta pela democracia e pela saúde no Brasil.

O encontro, que segue até 2 de junho, é também uma atividade preparatória para a 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), maior evento de participação social no país, agendado para 2019, como afirmou Ronald dos Santos.