Papa Francisco lamenta a violência na Faixa de Gaza
“Que Deus tenha piedade de nós”, disse Francisco ao fazer um apelo pela paz na Terra Santa durante a Audiência Geral desta quarta-feira (16). Desde que os Estados Unidos anunciaram a transferência de sua embaixada para Jerusalém, em um ato que fere o direito internacional, Israel tem feito uso de extrema violência contra palestinos na Faixa de Gaza, assassinando mais de 60 pessoas desde segunda-feira (14)
Publicado 16/05/2018 14:34

A Audiência Geral desta quarta-feira (16), na Praça S. Pedro, foi marcada por um veemente apelo pela paz na Cidade Santa e no Oriente Médio, depois da abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém. Os protestos contra esta decisão que reconhece a Cidade Santa como capital de Israel, medida reprovada pela ONU e todos os países com exceção dos EUA, provocaram mais de 60 mortos.
Em abril o exército israelense já vinha abrindo fogo contra manifestantes desarmados que protestavam na Faixa de Gaza pela Marcha do Retorno (uma série de atos do povo Palestino para reivindicar a volta para suas terras, das quais foram expulsos ou foram obrigados a deixar como refugiados após a criação do Estado de Israel em 1948). Na época, o pároco brasileiro Mario da Silva, da Paróquia Sagrada Família, em Gaza, afirmou em entrevista para o VaticanoNews que “Aos sentimentos de alegria pela Páscoa, contrapõem-se tristeza, incertezas, pobreza e falta de liberdade”, e que o "diálogo é a única saída".
Padre Mario da Silva, residente em Gaza
Após a declaração unilateral feita por Israel de que Jerusalém seria sua capital, o país vem usando de extrema violência para reprimir palestinos. Israel ainda ocupa ilegalmente diversos territórios declarados como palestinos pelas Nações Unidas, além de manter ocupações militares em outros.
A transferência da embaixada fere o direito internacional
Em 30 de julho de 1980 foi votada no parlamento de Israel a "Lei Básica de Jerusalém, capital de Israel", que em agosto do mesmo ano foi considerada pela ONU como inválida, uma vez que faz oposição à resolução 476 de 30 de junho de 1980, do Conselho de Segurança, que estabeleceu que a "lei de Jerusalém" é uma violação do direito internacional, em especial contra a Quarta Convenção de Genebra de 1949, além de ser um sério obstáculo para a conquista da paz. Jerusalém é uma cidade sagrada para ambas as religiões- judaica e muçulmana- assim sendo, ainda segundo o Conselho de Segurança, todas as medidas que alteraram o caráter geográfico, demográfico e histórico e o Estatuto da Cidade Santa são nulas, sem efeito e ineficazes.
Mudar a embaixada dos EUA para Jerusalém e entender a Cidade Santa como capital de Israel vai completamente contra as resoluções estabelecidas pela ONU, além de dificultar o processo de paz na região. Em 2017, quando anunciada a mudança da Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, 128 países, dos 198 que integram a Assembleia Geral da ONU, votaram uma resolução de condenação à decisão americana. Apenas 7 países ficaram com Trump.