Rússia quer sediar encontro entre Israel e Palestina
A Rússia enfatizou sua disposição para sediar um encontro entre os líderes da Palestina e de Israel, com o objetivo de retomar as negociações de paz entre os dois lados, disse nesta terça-feira (15) o vice-representante russo na ONU, Dmitry Polyanskiy
Publicado 15/05/2018 17:19
"De nossa parte, continuaremos a facilitar de forma consistente a solução de dois Estados aprovada pela comunidade internacional para um acordo israel-palestina", disse Polyanskiy.
“Nós oferecemos nossas equipes de mediação mais de uma vez. Nós nos oferecemos para sediar um encontro entre os líderes da Palestina e Israel, a fim de iniciar um diálogo direto, e esta nossa oferta continua em vigor”.
A fala de Polansky surge em meio a uma tensão crescente na Faixa de Gaza, que tem assistido protestos desde o dia 30 de março.
Na segunda-feira (14), mesmo dia em que os Estados Unidos transferiram sua embaixada para Jerusalém, as forças israelenses mataram 61 pessoas, incluindo crianças, e feriram mais de 2,7 mil pessoas em ataques diretos aos manifestantes.
"Reafirmamos o direito ao protesto pacífico e condenamos firmemente o uso indiscriminado da força contra civis", disse Polyansky. “Apelamos aos lados para que evitem medidas que possam piorar ainda mais a situação.”
O diplomata russo chegou a dizer que, dadas as atuais “condições explosivas”, há uma necessidade urgente de a comunidade internacional intensificar os esforços para retomar o processo político entre os palestinos e israelenses sob o marco legal internacional.
"O vácuo nos esforços internacionais de forma construtiva, como foi mostrado pelos recentes acontecimentos, é muito perigoso", disse ele. "Pensamos, em particular, que é oportuno reativar o trabalho do quarteto de mediadores internacionais do Oriente Médio, que permanece, não importa o que digam, um formato universal de mediação única”.
A Rússia e os Estados Unidos participaram como mediadores na solução da crise entre Israel e Palestina como parte do chamado quarteto do Oriente Médio, que também inclui a União Europeia e a Organização das Nações Unidas. Conversas diretas sobre a resolução do conflito entre as partes entraram pararam em 2014.
Polyansky disse que as negociações devem ser retomadas com base em decisões e princípios anteriores do Conselho de Segurança, bem como na Iniciativa Árabe de Paz. Ele disse que o desvio do direito internacional só serviu para desestabilizar a região.
"Diversas ações internacionais foram empreendidas passando ao largo do direito internacional e apenas agravaram as tendências desestabilizadoras", disse Polyansky. “A situação nos territórios palestinos é um bom exemplo de que a situação está indo na direção errada. Infelizmente, nos últimos dias, nós nos convencemos de que os responsáveis pela realização de tais medidas não têm intenção de mudar essa direção”.
O primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, declarou três dias de luto pelas vítimas da violência israelense em Gaza. Ele também disse que Washington não pode mais servir como juiz no processo de paz no Oriente Médio após a medida de reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.
Em 6 de dezembro do ano passado, Trump anunciou que reconheceria Jerusalém como a capital de Israel e instruiu o Departamento de Estado dos EUA a iniciar o processo de transferência da embaixada dos EUA de Tel-Aviv para Jerusalém.
Os protestos em Gaza continuaram nesta terça-feira (15), quando os palestinos marcaram o Nakba, um evento anual que relembra o êxodo palestino de 1948, após a criação do Estado de Israel.