Chico Lopes: “Documento da CIA é estarrecedor”
O documento revelado pela CIA, a Agência Central de Inteligência, dos Estados Unidos, apontando que pelo menos 104 brasileiros foram assassinados pela ditadura militar no Brasil, apenas durante o governo Médici, é estarrecedor e confirma que a ditadura matava como política de Estado. A avaliação é do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), ele mesmo vítima da ditadura militar, tendo enfrentado prisão arbitrária, sequestro e tortura.
Publicado 14/05/2018 12:22 | Editado 04/03/2020 16:22
Chico Lopes destaca a importância das novas revelações para ampla conscientização sobre o real caráter do governo militar, neste momento em que alguns flertam com candidaturas ditas ultraconservadoras, apologistas do período da ditadura.
"É preciso lembrar, para que nunca se repita: a ditadura militar lançou o Brasil em longos 21 anos de atraso, arbítrio, crimes cometidos pelo Estado contra cidadãos e cidadãs brasileiros. As prisões injustificadas e a bel-prazer dos serviços de informação e governantes de plantão, os "desaparecimentos" de pessoas, a tortura contra milhares de pessoas, o que é um crime contra a humanidade, os assassinatos de brasileiros pelo próprio Estado, nada disso pode ser esquecido", aponta Chico Lopes.
"Enquanto o relatório 'Brasil Nunca Mais' já havia dado números e rostos às vítimas da ditadura militar e a Comissão da Verdade avançou na busca pela reparação dessa história, agora temos um documento do governo dos Estados Unidos mostrando o que já se dizia há muitos anos", ressalta Chico Lopes.
Os porões e a cúpula do regime
"Ao mesmo tempo que esse memorando, da alta cúpula dos Estados Unidos comprova que eles financiaram e deram apoio à ditadura no Brasil, o documento estarrece a todos nós, por mostrar que Geisel, Figueiredo e outros não só tinham conhecimento da tortura e dos assassinatos, como autorizaram diretamente 'execuções sumárias' de irmãos brasileiros", acrescenta Chico Lopes.
"Essa realidade é bem diferente daquela que alguns tentavam pintar, negando que os generais soubessem da tortura e dos assassinatos e sustentando que Geisel seria um militar, em tese, mais moderado. A verdade aparece de forma assustadora. E deve servir de lição para todos nós. Para que nunca voltemos a permitir uma ditadura no nosso País", complementa o deputado cearense.