Estudantes desaparecidos no México foram dissolvidos em ácido
A promotoria da cidade de Jalisco, no México, informou nesta semana que uma análise forense identificou os restos mortais de três estudantes de cinema que estavam desaparecidos desde o dia 19 de março. Segundo a promotoria, os jovens foram mortos e tiveram seus corpos dissolvidos em ácido sulfúrico.
Publicado 27/04/2018 10:56
Salomón Aceves Gastélum, de 25 anos e originário de Mexicali (Baixa Califórnia); Jesus Daniel Días, de 20 anos e de Los Cabos (Baixa Califórnia do Sul); e Marco Ávalos, de 20 anos e de Tepic (Nayarit) eram estudantes de cinema na Universidade de Meios Audiovisuais de Guadalajara. Eles estavam em Jalisco para gravar um curta-metragem para um trabalho da faculdade.
Segundo as primeiras informações, o último dia em que os três foram vistos com vida foi em 19 de março, quando moradores da região afirmaram ter notado a presença dos jovens nas cercanias do município de Tonalá, vizinho a Guadalajara, após o carro que dirigiam quebrar.
As primeiras informações divulgadas pela promotoria e pela polícia de Jalisco afirmaram que seis membros do Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG) haviam sido presos, suspeitos de participação nos sequestros. O laudo inicial apontou também que a área onde os três foram capturados (uma propriedade rural) estava sob vigilância do cartel. “Sem saber, os estudantes estavam em uma área de altíssimo risco, vigiada pelos membros da Nova Geração, inimigos do cartel Nova Praça”, afirmou o promotor-geral de Jalisco, Raúl Sanchez. Segundo ele, os três estudantes foram confundidos com membros do grupo rival.
Youtuber
O caso teve um novo desenrolar a partir deste domingo (22), quando a polícia prendeu o Rapper e “youtuber” mexicano Christian Omar, conhecido como QBA. Segundo a polícia, Omar havia recentemente se juntado ao CJNG e também era um dos suspeitos de envolvimento no desaparecimento.
Segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira (25) pela promotoria de Jalisco, Omar teria admitido que os três jovens foram levados a uma casa onde foram torturados, interrogados, assassinados e, depois, dissolvidos por ele em ácido sulfúrico, para que não restassem evidências sobre as mortes.
Omar também teria admitido à promotoria estadual que recebia cerca de 3 mil pesos semanais (R$ 550) para trabalhar para o CJNG, grupo ao qual se integrou há cerca de três meses por meio de um amigo. Omar também confessou ter participado “de outros três homicídios”.
Caso Ayotzinapa
Este não é o único caso recente envolvendo desaparecimentos de estudantes no México. Na noite de 26 de setembro de 2014, cerca de 100 estudantes da Escola Normal Rural Isidro Burgos, no município de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, foram atacados quando viajavam a bordo de cinco ônibus para a Cidade do México, para participar de uma marcha anual em memória do massacre ocorrido em 1968 em Tlateloco, que também vitimou estudantes.
No início da viagem, policiais atiraram contra os veículos que levavam os estudantes. O episódio resultou em seis mortos, 20 feridos e 57 desaparecidos. Quatro anos depois, 43 normalistas continuam com paradeiro desconhecido.
A versão inicial da polícia foi a de que os estudantes foram assassinados por um cartel. Após serem mortos, os corpos teriam sido incinerados em um depósito de lixo. Este episódio, no entanto, é contestado por investigadores independentes.