Parlamento da Nicarágua convoca diálogo e Igreja aceita ser mediadora
A Assembleia Nacional da Nicarágua fez nesta terça-feira (24) um chamado à população para se somar ao diálogo nacional convocado pelo presidente Daniel Ortega com o objetivo de alcançar a paz, frente aos recentes atos de violência registrados no país.
Publicado 25/04/2018 10:29
Além disso, ainda nesta terça, a Igreja Católica aceitou a proposta do mandatário de ser a mediadora das conversas entre governo, grupos que se opõem às reformas propostas por Manágua e outros setores da sociedade.
O documento da Assembleia Nacional, o “Chamado ao Diálogo e à Paz”, lamenta as mortes ocorridas durante os protestos e manifestam solidariedade com as famílias das vítimas. O texto foi aprovado por unanimidade.
A onda de protestos violentos no país começou no último dia 20 de abril contra a reforma no sistema de aposentadorias. Ao menos 11 pessoas morreram após grupos violentos tentarem ocupar a sede da prefeitura da cidade de Tipitapa, ato classificado pela vice-presidente (e esposa de Ortega) Rosario Murillo como um crime de ódio.
Também foram incendiadas as instalações do Centro Universitário da Universidade Nacional (CUUN) da cidade de León, uma das mais importantes do país e o Hospital Escola Oscar Danilo Rosales. Saques foram registrados em diversas lojas.
No domingo (22/04), Ortega anunciou que cancelaria a reforma da previdência, mas as manifestações continuaram. O presidente nicaraguense diz que os protestos têm como objetivo desestabilizar o governo e são estimulados por grupos de oposição provavelmente financiados pelos Estados Unidos.
Igreja Católica
No mesmo dia em que decidiu voltar atrás na reforma das aposentadorias, Ortega pediu à Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) que fosse mediadora e testemunha do diálogo entre governo e o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep), órgão que se colocou contra as mudanças na previdência.
O convite foi aceito nesta terça. “Para facilitar o clima de diálogo, consideramos essencial e imperativo que, tanto governo, como cada membro da sociedade civil evite todo ato de violência, de desrespeito à propriedade pública e privada e prevaleça um clima sereno e de absoluto respeito à vida humana de todos e cada um dos nicaraguenses”, afirma o comunicad do CEN, lido pelo cardeal Leopoldo Brenes.
FSLN
A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) também se pronunciou sobre a onda de protestos na Nicarágua.
“Como contraparte e ante à escalada violenta, a Juventude Sandinista se mobilizou, organizada nos bairros populares e nas instituições de Estado, e houve mais choques violentos. O conflito escalou e, logo, surpreendentemente, se somaram moradores dos bairros populares”, diz comunicado do grupo.
Segundo o FSLN, mesmo sem uma liderança clara, os protestos são coordenados e sincronizados. “Nenhuma organização política, social, nem gremial assumiu a liderança dos protestos, apesar mesmo com eles tendo sido apoiados publicamente pelo Cosep, por alguns hierarcas da Igreja Católica e dos partidos da direita (os mesmos que negaram aos trabalhadores seus direitos quando eram governo”, disse.