Lava Jato quer impedir Dilma e parlamentares de visitar Lula
O objetivo da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é tirá-lo o pleito eleitoral e, juntamente com isso, tentar reduzir a sua força junto ao eleitorado tirando ele de circulação. A força-tarefa da Lava Jato reafirma essa estratégia ao tentar manter o ex-presidente em isolamento na prisão em Curitiba.
Publicado 23/04/2018 13:27
Ao analisar o pedido da presidente eleita Dilma Rousseff e de uma comissão de deputados, que pretendem se encontrar com Lula nesta segunda-feira (23), a força-tarefa da Lava Jato se posicionou contra. Para justificar a proibição, o procurador regional do Ministério Público Federal (MPF), Januário Paludo, disse que as visitas de familiares "devem prevalecer em relação às de amigos".
A presidenta Dilma apresentou o pedido no último sábado (21) e, destacou em sua petição que a sua amizade com Lula é "fato público e notório". "Trabalham juntos desde o ano de 2002 e, ao longo dos anos que seguiram, desenvolveram relação de convivência próxima e de profunda amizade, cuja manutenção se faz premente na situação atual de privação de liberdade em que se encontra o ex-presidente Lula", destacou ela na petição assinada pelo ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão.
O procurador também se posicionou contrário a inspeção de uma comissão de deputados, que foi aprovada pela Câmara de Deputados. Segundo Paludo, "o objeto da visita parece ser inadequado" e ainda disse que a prerrogativa não é da comissão externa que foi criada para acompanhar as condições da prisão do ex-presidente. O procurar ainda qer determinar o que os parlamentares podem ou não fazer.
De acordo com ele, "a inspeção ou fiscalização, tal qual pedida, é afeta às Comissões Permanentes, em especial às de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de Direitos Humanos e Minorias, conforme o Regimento Interno da Câmara dos Deputados".
“Nós já notificamos a juíza (Carolina Moura Lebbos, da 12.ª Vara Federal de Curitiba), terça-feira, às 11 horas a comissão estará aqui em Curitiba, nós vamos entrar na Superintendência, vamos inspecionar a Superintendência, vamos falar com o presidente Lula, e quem tentar nos impedir vai ser responsabilizado pelo crime que vai cometer”, afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), durante ato em frente à Superintendência da PF em Curitiba, onde Lula está preso.
“Pessoal, a comissão de governadores veio até aqui e não pôde abraçar o Lula”, lembou o parlamentar, sobre a visita de 11 governadores e três senadores no dia 11 de abril, que tiveram o acesso negado pela juíza responsável pelo processo da execução da pena.
Na semana passada, a força-tarefa da operação também usou o mesmo argumento para impedir a visita do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e o do teólogo Leonardo Boff. Segundo o procurador, "não é viável a fixação ou a elasticidade de horário diferenciado para visitas ao custodiado Luís Inácio Lula da Silva, seja por conveniência da administração, seja para se criar injusto discrímen em relação aos demais custodiados ali recolhidos".