Governo ignora MP para manter reforma trabalhista sem alterações
A Medida Provisória 808 do governo de Michel Temer que ajustaria pontos polêmicos da reforma trabalhista poderá caducar em cinco dias. Na opinião do secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, não votar a MP na Câmara foi proposital: “O governo mantém a reforma com os pontos originais e impede o amplo debate sobre o tema”.
Por Railídia Carvalho
Publicado 19/04/2018 12:50
A promessa de edição da MP convenceu senadores aliados, que estava receosos com alguns pontos da reforma, a aprovarem as alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre os pontos que seriam regulamentados pela MP estavam a formalização do trabalho intermitente e a permissão para o trabalho de grávidas em local insalubre se o grau for mínimo ou médio.
O dirigente da CTB chamou de “passa moleque” a manobra do governo em relação à MP. “O governo tinha resistência para aprovar a reforma trabalhista. Encabeçados pelo Romero Jucá, líder do governo no Senado, convenceram de que bastava editar a medida e estaria tudo resolvido. Não foi o que aconteceu. Agora se fingiram de morto e a MP vai caducar”, concluiu Wagner.
Em reportagem de O Globo divulgada nesta quinta-feira (19), foi cogitada a reedição na terça-feira (24) de uma nova Medida Provisória. De acordo com o jornal, o objeto “seria totalmente distinto da primeira” mas traria pontos da reforma trabalhista para serem ajustados.
Wagner (foto) enfatizou que é unânime entre as centrais sindicais reunidas no Fórum das Centrais que não virá do atual governo e nem daqueles ligados a essa linha política atual a mudança que os trabalhadores reivindicam em relação à reforma trabalhista.
Segundo o dirigente, as entidades estão conscientes de que qualquer alteração na reforma vai depender de quem for eleito nas eleições de outubro para a presidência.
“A nossa expectativa é que o próximo governo venha a fazer um referendum ou um plebiscito para a revogar a reforma trabalhista. Ou dependendo de quem for eleito que abra negociação com as centrais sindicais para rever pontos da reforma”, esclareceu o sindicalista.
As centrais sindicais estarão particularmente empenhadas no processo eleitoral, afirmou Wagner. “Vamos intensificar a nossa atuação. Além de um candidato ou candidata à presidência que tenha compromisso com o desenvolvimento, com geração de emprego e distribuição de renda, precisamos eleger deputados federais do campo popular para equilibrar a disputa no Congresso”.