Russia encontra químicos com rebeldes, EUA negociam com Árabia Saudita
Militares russos dizem que cloro e componentes para a produção de gazes tóxicos estavam em laboratório na cidade de Duma, que pertenceria aos rebeldes
Publicado 18/04/2018 15:15
Alexander Rodionov, da unidade militar russa de proteção a armas químicas, disse nesta terça-feira, 17, que especialistas encontraram cloro e componentes para a produção de gás mostarda em um laboratório rebelde de Duma, segundo a agência AP.
Logo após o ataque químico, que ainda não foi comprovado, os Estados Unidos, Reino Unido e França atacaram a Síria através de bombardeios no último sábado (14), acusando o governo de Bashar Al-Assad de ter atacado o próprio povo com agentes químicos. A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), órgão internacional pelo controle desse tipo de arma, ainda não iniciou as investigações no território onde teria acontecido o suposto ataque.
O ataque com mísseis liderado pelos EUA contra a Síria no sábado (14), supostamente destinado a desativar depósitos de armas químicas, teria resultado na destruição de uma instalação farmacêutica usada para produzir medicamentos contra o câncer. A Instituição para o Desenvolvimento das Indústrias Farmacêutica e Química em Barzeh, que foi um dos alvos do recente ataque liderado pelos EUA contra a Síria, era usada para produzir medicamentos que atualmente estão em falta no país devido a sanções impostas pelo governo norte-americano, de acordo com a mídia local.
"Desde que a crise na Síria irrompeu, o país ficou sem todos os tipos de medicamentos devido às sanções dos países ocidentais. As empresas estrangeiras pararam de exportar medicamentos de alta qualidade para a Síria, especialmente medicamentos contra o câncer. Por isso, temos conduzido pesquisas sobre medicamentos contra o câncer aqui, e três medicamentos foram desenvolvidos", disse o chefe da unidade. Ele também observou que nem ele nem seus colegas poderiam permanecer na instalação se ela armazenasse armas químicas como alegam as autoridades dos EUA. "Se houvesse armas químicas no prédio, nós não estaríamos aqui. Meus colegas e eu chegamos aqui às 5:00 da manhã. Se houvesse armas químicas, precisaríamos usar máscaras e tomar outras medidas de proteção", o homem explicou, segundo o Opera Mundi.
Donald Trump se referiu aos bombardeios "resposta" como "missão cumprida". O presidente norte-americano havia anunciado a retirada das tropas dos EUA do território sírio no começo do mês de abril, já que atualmente mais de 2mil militares norte-americanos ocupam o leste da Síria.
O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al Jubeir, anunciou na terça-feira (17) que negocia com o governo dos Estados Unidos a possibilidade de enviar tropas para substituir o contingente militar norte-americano na Síria, segundo informa o Opera Mundi. Durante entrevista coletiva, o ministro saudita afirmou que as negociações estão acontecendo "desde o início da crise síria", na época em que Barack Obama ainda era presidente dos EUA.