Presos políticos palestinos boicotam tribunal militar de Israel
Prisioneiros políticos palestinos estão boicotando o tribunal militar de Israel para denunciar a arbitrariedade das prisões administrativas promovidas pelas forças de repressão sionistas. O líder do Fatah, Marwan Barghouti, preso por Israel em 2002 e condenado a cinco prisões perpétuas sob a acusação de terrorismo, pretende organizar frente única de reistência
Publicado 17/04/2018 18:28

Barghouti pretende transformar a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) em uma frente em que todas as forças políticas palestinas estejam representadas.
O comunicado emitido por meio de carta, redigida na cela solitária onde está confinado, foi anunciado nesta terça-feira (17) data que marca o Dia do Prisioneiro Palestino.
Nele, Barghouti pede que Hamas e Jihad Islâmica passem a integrar a OLP. E que a organização se torne a responsável por administrar questões políticas, de resistência e de negociação.
Ele também afirma que não devem ocorrer conversações com Israel, enquanto o governo não anunciar o compromisso de acabar com a ocupação e de se retirar dos territórios ocupados em 1967.
Barghouti também ressalta que os palestinos têm o direito de usar todas as formas de resistência à ocupação israelense e que devem apoiar a campanha de Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS) contra Israel.
Há hoje mais de seis mil presos políticos palestinos detidos em cárceres israelenses, segundo a Associação de Direitos Humanos e Apoio a Prisioneiros (Addameer).
Destes, aproximadamente 500 estão encarcerados pelas regras da prisão administrativa, em que Israel não precisa apresentar nenhuma acusação formal para prender uma pessoa. O governo israelense também pode manter o prisioneiro detido indefinidamente sem julgamento.
As forças de ocupação israelenses estão tentando dissuadir o boicote. Segundo a entidade de direitos humanos, os presos que se negam a comparecer às audiências no tribunal militar estão sendo espancados e forçados a irem à Corte. Seus advogados também estão sendo ameaçados com sanções financeiras.
“Colocamos nossa fé e confiança em nosso povo, seu poder e instituições e na sociedade civil que não nos deixará sozinhos nessa luta. Este é um ato patriótico nacional que não deve ser violado por nenhum indivíduo ou instituição. Como tal, solicitamos à Autoridade Palestina que denuncie a prisão administrativa no Tribunal Penal Internacional o mais breve possível”, afirma comunicado dos prisioneiros.
A entidade de direitos humanos palestina adverte que a prisão administrativa imposta por Israel viola a Quarta Convenção de Genebra e classifica a medida como um crime contra a humanidade. A Addameer solicita a libertação de todos os detidos administrativos e que Israel reconheça seus direitos conforme instrumentos jurídicos internacionais.
“Pedimos que as organizações de direitos humanos de todo o mundo apoiem e demonstrem solidariedade aos nossos presos administrativos”, conclama.