Líder do Sinn Féin quer que Irlanda expulse embaixador israelense
O líder do partido de esquerda Sinn Féin, Gerry Adams, quer que a Irlanda expulse o embaixador de Israel do país, como resposta ao massacre praticado pelos sionistas na última sexta-feira (30), na Palestina, que vitimou ao menos 17 pessoas e feriu mais de 1.400, que protestavam pelo direito de retornar às suas terras
Publicado 02/04/2018 14:50
Adams conhece de perto a repressão que os povos que se insurgem por soberania e liberdade sofrem. Seu pai foi baleado e acabou preso por participar de protestos liderados pelo IRA, o Exército Republicano Irlandês. Ele próprio passou vários anos na prisão acusado de liderar o IRA.
O Sinn Féin é um dos movimentos políticos mais antigos da Irlanda, criado para unir os grupos informais nacionalistas de resistência pacífica ao domínio britânico.
Assim como Israel, o Império Britânico reprimiu com mão-de-ferro os irlandeses que se manifestavam contra a anexação da Irlanda do Norte pelo Reino Unido. Por isso, Adams insiste que a Irlanda expulse o embaixador de Israel. Ele considera que o gesto demonstra o repúdio ao país que pratica genocídio contra a população palestina.
"Não há justificativa para o massacre praticado por atiradores e militares israelenses contra manifestantes palestinos desarmados na fronteira de Gaza com Israel”, ressalta. "Visitei Gaza em 2009. É uma prisão a céu aberto sitiada por Israel. As condições de vida para quase dois milhões de palestinos na Faixa de Gaza são terríveis, direitos básicos são negados a essa população”, conta.
O líder norte-irlandês, alerta que Israel além de ter roubado a terra dos palestinos também rouba sua água. “Um número significativo de novos assentamentos israelenses foi construído em terras palestinas em flagrante violação ao direito internacional", frisa o dirigente do Sinn Féin. Adams revela que está pressionando a União Europeia e as Nações Unidas para que se posicionem contra a violência israelense. A expulsão do embaixador de Israel da Irlanda é vista como um primeiro passo no reconhecimento oficial do Estado da Palestina.
Repressão
A Grande Marcha do Retorno, como é conhecida a manifestação na Palestina, começou nesta sexta-feira para marcar as comemorações do Dia da Terra. No dia 30 de março de 1976, Israel assassinou seis palestinos que participavam de manifestações contra um plano sionista de expropriação de mais territórios da Palestina.
Desta vez, os israelenses aumentaram o número de mortos e feridos na carnificina. Os sionistas sempre tentaram sufocar manifestações que denunciassem as atrocidades cometidas contra os palestinos. Já chegou a passar com um trator em cima de uma ativista estadunidense que queria evitar a derrubada de casas palestinas há 15 anos.
Por isso, transformaram em um banho de sangue uma manifestação pacífica que denunciava ao mundo que Israel nega o direito aos palestinos de poderem voltar a suas terras. Mas a Grande Marcha do Retorno escancarou para o mundo que Israel expulsou 800 mil palestinos de suas terras e residências, em 1948, para assentar em seu lugar colonos israelenses.
E que impede até hoje que eles, que tiveram suas terras e casas tomadas pelos sionistas, possam retornar ao país nem ao menos para visitá-lo. E que seus descendentes também são proibidos de entrar na Palestina. A Grande Marcha do Retorno expôs para o mundo que de lá para cá, os palestinos continuaram a ser sistematicamente assassinados e expulsos de seu país pelos israelenses.
Denunciou também que a Guerra dos Seis Dias, em 1967, é outro episódio condenado pela ONU, a Organização das Nações Unidas. E que nesse ataque, Israel se apossou de novos territórios da Cisjordânia, como o setor oriental de Jerusalém, que agora Donald Trump quer transformar em capital de Israel.
As lideranças palestinas já afirmaram que o povo está disposto a resistir aos ataques e promete se manter mobilizado até o dia 15 de maio, quando serão lembrados os 70 anos da Nakba (catástrofe em árabe) que iniciou a perseguição contra seu povo. A população se ampara, inclusive, em resoluções da ONU, como a 194, que em seu décimo primeiro artigo assegura o direito de retorno aos refugiados.