Sisi é reeleito presidente do Egito, como já era esperado
Atual presidente do Egito, Al-Sissi, já é dado como reeleito com 92% dos votos. Oposição boicotou pleito, e menos de 50% dos votantes compareceram
Publicado 29/03/2018 15:59
O presidente do Egito, Abdel Fatah al Sisi, ganhou as eleições com cerca de 92% dos votos, um pleito que contou com participação de 42% dos eleitores, segundo dados preliminares oferecidos nessa quinta-feira (29) pelo jornal "Al Ahram". O jornal estatal é favorável a Sisi, segundo informações do UOL.
A participação foi inferior ao pleito anterior, em 2014, que também resultou em vitória de Sisi, no qual 47% do eleitorado compareceu às urnas, segundo os dados divulgados na época e cuja veracidade foi questionada pela oposição.
A vitória de Sisi era amplamente esperada porque seu único oponente e seu aliado, Musa Mustafa Musa, não participou de comícios e quase não fez propaganda durante a campanha eleitoral. Em declarações à televisão pública, Moussa disse que não quer debater com Sissi por não desejar “desafiar o Presidente”. Outro ex-candidato, um ex-general, como Sissi, foi preso. Outros desistiram por medo ou intimidações. Um outro antigo candidato foi detido e acusado de terrorismo depois de criticar a operação lançada pelo Governo contra opositores e críticos em antecipação das eleições, segundo informa o jornal português Público.
Durante os anos de governo de Hosni Mubarak as eleições eram marcadas por muitas irregularidades, mas pelo menos permitia-se a concorrência de candidatos de uma oposição credível, conta o jornal. Após a Primavera Árabe, que tirou Mubarak do poder, Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi o primeiro presidente eleito do Egito. Em 2013, as Forças Armadas, lideradas pelo general Sisi, deram um golpe militar de estado e prendem Morsi.
A mídia ocidental, com poucas exceções, não tenha apontado, à época, que a derrubada de um raro governo eleito democraticamente no mundo muçulmano, o de Mohamed Mursi, significava a instalação de uma ditadura, como conta Clóvis Rossi em artigo para a Folha de São Paulo nessa quinta-feira (29). Isso porque Mursi pertencia à Irmandade Muçulmana, o grupo islamita sempre sob suspeita de defender posições radicais inspiradas nos livros sagrados do islamismo. Mas poucos sabem que a Irmandade Muçulmana, fundada em 1929, construiu ao longo dos anos uma rede assistencialista que amparou uma enorme quantidade de egípcios deixados de lado por governos ou ineptos ou corruptos, fator que influenciou muito mais a vitória de Mursi do que o fator religioso, como finaliza Rossi. O governo de Sisi tem empregado medidas muito mais autoritárias como as esperadas pela Irmandade.
Após o golpe, Sisi prometeu estabilidade, segurança e a reativação da economia depois dos tumultos que se seguiram à revolta popular de 2011. Entre seus principais aliados estão os Estados Unidos e as poderosas monarquias da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, conforme informa a Reuters.