Metalúrgicos: Embraer pode ser moeda de troca no caso do aço
As novas taxas contra o aço e o alumínio importados pelos EUA entraram em vigor na sexta-feira (23). Os produtos de aço terão de pagar tarifa adicional de 25%, enquanto a taxa sobre o alumínio é de 10%. Porém, o governo Trump decidiu excluir o Brasil da cobrança. A suspensão é temporária, até 1º de maio, período em que ocorrerão negociações bilaterais.
Publicado 27/03/2018 12:35
Os problemas gerados pelas sobretaxas, principalmente no mercado de trabalho, estiveram na pauta do movimento Brasil Metalúrgico, dia 20. Na ocasião, os dirigentes reafirmaram a disposição intensificar os protestos contra a medida, que ameaçaria até 300 mil empregos no País.
Sexta (23), a Agência Sindical conversou com Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação da categoria (CNTM), sobre a exclusão temporária do País. Segundo o dirigente, essa decisão não muda as expectativas.
"Temos que manter a corda esticada. Essa é uma suspensão temporária. Por isso, não vamos baixar a guarda. Acompanharemos as negociações, que podem envolver diversos produtos. Não dá para confiar num governo que está a serviço do grande capital, em prejuízo da indústria nacional", ele afirma.
Embraer: Moeda de troca?
Não existe ainda uma posição oficial, mas o governo discute uma lista de itens a serem usadas em uma eventual negociação com os Estados Unidos. Entre eles, estão as importações pelo Brasil do etanol de milho produzido por lá e até a parceria entre a Boeing e a Embraer.
"Não sabemos o que está por traz dessas negociações. O que o governo pode oferecer em troca da redução ou da não taxação. Precisamos estar atentos e reagir, caso haja algo que prejudique ainda mais os trabalhadores. É vestir um santo e despir o outro", diz Miguel.
Para Marcelino da Rocha, presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil, é preciso ficar atento. “Por um lado, teremos um pouco mais de tempo para pressionar o governo brasileiro a tomar um posição firme, a favor da indústria nacional. Do outro, podem acontecer negociações que prejudiquem ainda mais os trabalhadores. Por isso, o movimento sindical precisa manter a mobilização", ressalta o dirigente.
Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e funcionário da Embraer, critica a hipótese de desnacionalização da empresa por conta de um acordo com os norte-americanos.
"A preocupação é grande. Dos 18 mil funcionários que a Embraer tem hoje, 14.500 estão na planta de São José. Onde há fumaça, há fogo. A Boeing costuma fechar as fábricas que compra e demitir. Se isso acontecer aqui, será um baque para a economia da cidade", alerta.