China defende diálogo, mas está pronta para uma guerra comercial
A China avisou oficialmente os EUA que está preparada para defender seus interesses nacionais em uma possível guerra comercial. O país asiático reiterou que continua vendo o diálogo e a negociação como a melhor saída para o conflito, mas afirmou que não hesitará caso os Estados Unidos insistam no aumento das taxações
Publicado 27/03/2018 17:32
Apesar de Washington afirmar que não teme as retaliações chinesas, pediu para a China reduzir as tarifas aduaneiras sobre um conjunto de produtos norte-americanos, além de alargar o acesso das empresas dos EUA ao setor financeiro chinês.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang pediu na terça-feira (27), em reunião com a delegação do Congresso dos EUA, que os Estados Unidos desempenhem um papel construtivo e trabalhe com a China para manter as bases políticas e de opinião pública para os laços entre ambos. "Algumas questões comerciais antigas não podem ser resolvidas durante uma noite só", acrescentou o premiê chinês. "Iniciar uma guerra comercial nunca poderia resolver problemas e vai contra os princípios fundamentais do comércio." "A China trabalhará em direção a uma solução por meio de diálogo e consulta, mas também está totalmente preparada com medidas de defesa", afirmou Li.
Keqiang disse também na segunda-feira (26) que a China continuará promovendo sua reforma e abertura, além de melhorar o ambiente de investimento para as empresas estrangeiras.
Li disse que o compromisso da China de impulsionar a reforma e abertura corresponde a seus próprios interesses e é favorável à manutenção do livre comércio e ao desenvolvimento saudável da globalização. Segundo o primeiro-ministro, a China abrirá ainda mais suas portas para o mundo exterior e está disposta a absorver tecnologia avançada e experiência de gestão dos países estrangeiros, promover a cooperação em produção, conhecimento, tecnologia e serviços, e otimizar seu ambiente de negócios para as empresas estrangeiras.
O primeiro-ministro disse que as relações comerciais entre a China e os Estados Unidos são mutuamente benéficas por natureza, e que o atual volume comercial entre os dois países é alcançado graças à demanda do mercado e às regras de negócios. "Não há vencedor em uma guerra comercial", afirmou, pedindo uma atitude racional e sincera ao abordar o problema de desequilíbrio comercial entre a China e os EUA. Ele pediu para que a comunidade internacional defenda conjuntamente o sistema multilateral de comércio com o livre comércio como base e se oponha claramente ao protecionismo e ao unilateralismo.
O vice-premiê chinês, Liu He, também pediu por racionalidade e esforços conjuntos da China e Estados Unidos para preservar a estabilidade das relações comerciais bilaterais.Liu disse que a China continuará com sua reforma e abertura, apoiará a globalização econômica e promoverá a construção de "uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade". Mas, se os EUA insistirem em políticas prejudiciais para a China e o resto da economia mundial, He assinalou que"a China está pronta e tem a força para defender seus interesses nacionais".
Uma guerra comercial não é a solução correta para o desequilíbrio comercial entre a China e os Estados Unidos; o governo dos Estados Unidos deve enfrentar justamente as razões estruturais profundas para seu deficit comercial, em vez de culpar a globalização econômica e os principais parceiros comerciais.
Hua Chunying, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse na segunda-feira (26) que os EUA devem saber que, no século XXI, o comércio global se rege por regras, ao invés de poder. Ela comentou a fala do vice-presidente Mike Pence, na qual afirma que as ações tomadas pelos EUA simbolizam “o fim da era de rendição econômica”. "Ao invés de dizer que 'a era de rendição econômica chegou ao fim', seria melhor dizer que 'a era de intimidação econômica e hegemonia deveria ser eliminada'", argumentou Hua.
Hua disse que a China sempre seguiu as regras da OMC e manteve o multilateralismo comercial, além de sempre defender o espírito de respeito mútuo, igualdade e benefícios recíprocos. As divergências, acrescenta, incluindo a fricção econômica e comercial, devem ser tratadas pela via da consulta.
“A China espera que os EUA possam realizar decisões e escolhas racionais e cautelosas”, afirmou. “A China está disponível para discutir com os EUA, com base no princípio do respeito e benefício mútuo”, finalizou Hua.
“Não queremos partir para uma guerra comercial, mas não temos medo de uma”, asseverou Zheng Zeguang, vice-ministro chinês também na segunda-feira (26).