Publicado 19/03/2018 15:11 | Editado 04/03/2020 16:43
No dia 8, eu perguntei nas minhas redes sociais “Comemorar o que? Por estar viva no país que mata 15 mulheres por dia?” e nesse dia 14 mais uma foi morta…
Ontem fui dormir cedo, passamos o dia aqui em Morrinhos com meninos e meninas de 17 a 20 anos gravando uma música sobre violência contra a mulher, com o debate a flor da pele, com a felicidade de quem conseguiu mesmo que minimamente fazer a diferença, a inquietação me acordou no meio da madrugada e com o velho costume, abri o facebook e vi a foto de Marielle, vi que ela havia sido assassinada, que era do PSOL, vereadora, jovem, mulher, mãe, negra, lesbica e da favela. No momento que vi a notícia senti algo estranho, não soube nomear no momento, voltei a dormir.
Essa quinta feira, 15 de março, foi a mais dolorida, a cada detalhe da execução de Marielle era como se me marcasse na carne. Cada detalhe da luta de Marielle nos aproximava.
Marielle foi morta pelas suas ideias, Marielle foi morta por colocar o dedo na ferida daqueles que não conseguiam ver uma mulher negra, lesbica e da favela falando de igual para igual, Marielle era uma defensora dos direitos humanos, Marielle vinha de uma atividade sobre o empoderamento das mulheres negras!
Com o passar do dia, cada hora mais próxima de Marielle e de sua história, vendo as notícias, vendo o carro esburacado daquelas balas que a acertaram… Vendo as amigas e amigos compartilhando sobre, as notas de pesar e solidariedade… E finalmente em uma imagem compartilhada por uma moça de BH consegui descrever o que sentia, a imagem dizia “Quando uma mulher de luta morre, todas nós morremos um pouco com ela”.
Eu não conhecia Marielle, éramos de fileiras partidárias diferentes, mas a luta nos unia, as pautas que ela defendia eram as mesmas que as minhas.
Mas estaremos aqui para continuar a luta de Marielle que também é nossa! Estaremos aqui para cobrar justiça para ela e seu motorista Anderson!
Eles podem até matar uma flor, mas o que vem por ai é primavera!
Marielle, presente! Hoje e sempre!
*Sidiana Soares é presidenta do Centro Popular da Mulher (CPM/UBM-GO) e do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM) em Goiânia.