Fórum Social: Trabalhadores reforçam luta contra política neoliberal
Os impactos e as mudanças trazidos pela reforma trabalhista, em vigor desde novembro passado, e os desafios impostos ao movimento sindical foram os principais pontos discutidos no painel promovido pela CTB-BA, na tarde de quinta-feira (15), durante o Fórum Social Mundial 2018, que acontece em Salvador.
Publicado 16/03/2018 11:47
Com o auditório completamente lotado e com a presença de diversas entidades e delegações internacionais, o debate discutiu ainda conjuntura nacional e a agenda ultraliberal defendida pelos grupos que hegemonizam o poder. Todos os palestrantes consideraram fundamental a intensificação da luta e a unidade da classe trabalhadora contra o projeto neoliberal, anti-popular e entreguista de Michel Temer.
O debate foi mediado pela vice-presidente da CTB-BA, Rosa Souza. O presidente da CTB-BA, Pascoal Carneiro, saudou as entidades participantes e considerou a atividade bastante expressiva, a discutir temas importantíssimos.
O presidente da CTB nacional, Adilson Araújo, afirmou que o golpe deu início a uma agenda ultraliberal, que congela investimentos públicos, retira direitos, ameaça a soberania nacional e fere seriamente a democracia do país. Ele destacou também que o governo Temer quer destruir os sindicatos e esvaziar o movimento social. "Estamos vivendo dias difíceis. É necessário se rebelar. A reforma trabalhista ameaça o direito ao trabalho, escancara a flexibilização, a informalidade e traz profunda precarização", comentou.
Lucimara Cruz, diretora de Políticas Sociais da Assufba-Sindicato, lamentou e pediu um minuto de silêncio pelas mortes de Marielle Franco, ativista e vereadora do Rio de Janeiro pelo Psol, e de seu motorista, Anderson Gomes, ambos assassinados na noite de quarta-feira (14/03), no Rio. "Marielle Franco é mais uma mulher negra abatida em pleno vôo. Isso é inaceitável", afirmou.
O palestrante Guilherme da Hora Pereira, especialista em legislação sindical e trabalhista, falou sobre a relação capital x trabalho e sobre a lógica perversa do capital, que só busca o lucro e a exploração. "Acordemos! O capital nunca dorme. Somente com a luta de classes, podemos avançar para um país mais justo".
Ele destacou que o movimento sindical deve estar atento a quatro eixos principais da reforma trabalhista, a seu ver, os mais danosos. O primeiro é a fragilização da identidade do trabalhador, introduzindo novas formas de contratação e terceirização massiva. O segundo é o enfraquecimento da Justiça do Trabalho, obrigando o trabalhador a pagar honorários e acabando a perspectiva de a classe trabalhadora ajuizar ações na Justiça. O terceiro ponto é a inversão de prioridades, que deixou de ser o trabalhador para ser o contrato, de maneira que a pessoa humana foi substituída por um conjunto de cláusulas e normas. O quarto aspecto é o enfraquecimento e a tentativa de aniquilação dos sindicatos, dificultando a sobrevivência e a autonomia deles.
Mauricio Miguel, responsável pelo departamento internacional da central sindical CGTP-IN de Portugal, também falou sobre o golpe no Brasil e sobre a necessidade de unificar a luta dos trabalhadores. Ele fez um breve panorama da situação atual de Portugal, das conquistas e dificuldades, e registrou que, mesmo em países diferentes, os desafios da classe trabalhadora têm pontos em comum. "Precisamos de uma esquerda forte e patriótica. Por mais difícil que seja a luta dos trabalhadores, nós temos de ser otimistas, porque podemos ser vencedores. Já sabemos que o capitalismo não é solução para a humanidade", completou.
Diversos sindicatos, da capital e do interior do Estado, bem como delegações internacionais de pelo menos cinco países participaram do painel promovido pela CTB-BA.