Jandira cobra plano e orçamento da intervenção no Rio: “Não existe”
Os parlamentares da bancada do Rio de Janeiro realizaram a primeira reunião da comissão externa para acompanhar as ações da intervenção militar de Michel Temer na segurança fluminense. O encontro, que aconteceu na Escola Superior de Guerra, na Urca, Zona Sul do Rio, contou com a participação do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.
Por Dayane Santos
Publicado 09/03/2018 17:35
Segundo a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), ao ser questionado, o ministro não apresentou um plano efetivo para a segurança e nem mesmo quanto o governo vai dispor efetivamente do orçamento para a intervenção.
“Nós ficamos sem as respostas de questões fundamentais: qual é o plano e quais são as medidas e o orçamento da intervenção”, afirmou a deputada, vice-líder da Oposição na Câmara. Segundo Jandira, o ministro não respondeu qual é o orçamento e plano porque não existe verba destinada, muito menos medidas definidas.
“Ele disse que seria necessário um dinheiro novo, mas que a Emenda 95 será o grande problema, pois para ter dinheiro terá que tirar de uma outra política. Isso é gravíssimo”, enfatizou Jandira. “Com a mudança da Constituição, que congela o orçamento da União por 20 anos, não há como ter dinheiro novo”, frisou.
A deputada comunista disse ainda que “na verdade, não há medidas específicas. Questionei sobre o plano emergencial de segurança que havia sido supostamente construído antes do Carnaval, integrando governo federal, estado e municípios e sociedade civil, e não houve nenhuma resposta”.
“É o mesmo plano que o governador Pezão disse que não leu parece que sumiu”, recordou a deputada, reforçando que o ministro disse que apenas faltava um “detalhamento” e que iria cobrar dos ministros esse plano.
Jandira disse que também cobrou o ministro sobre os recursos já definidos para a segurança de fronteira, já que as Forças Armadas deveriam ter um aumento do orçamento para o controle de áreas por onde passam as armas e drogas. “Ele [Jungmann] reconhece que esse orçamento foi reduzido e que é um problema grave para o país”, afirmou a deputada.
De acordo com ela, Jungmann disse que um dos objetivos do governo é colocar o Exército para fazer o que chamam de “reestruturação das polícias”, mas que as tropas militares não podem substituir as forças policiais.
Jandira questionou se a capacitação dos policiais seria feita pelas Forças Armadas, na medida em que a ideologia militar não pode estar vinculada à formação da polícia, que faz a segurança do cidadão.
“Não está claro e nem tivemos respostas sobre medidas gerais, plano e orçamento da intervenção, nem de como serão preparadas e capacitadas as polícias. Esperamos o general Braga Netto, que é o interventor, para que essas respostas sejam dadas e que todas as questões vinculadas aos direitos e garantias fundamentais sejam explicitadas”, concluiu.