Após intervenção, Temer e tucanos se reúnem para discutir eleições
Como previsto, após decretar a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, Michel Temer intensificou as conversas sobre o processo eleitoral de outubro para tentar cavar um espaço do MDB ao Palácio do Planalto. Aliás, esta foi a pauta da reunião realizada neste domingo (4) no Palácio do Jaburu em que o presidente da legenda, senador Romero Jucá (RR), disse que já tem espaço para começar a construir a campanha.
Por Dayane Santos
Publicado 05/03/2018 11:40
Jucá saiu da reunião fazendo elogios ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que por enquanto é filiado ao PSD, mas já é sondado pela cúpula do governo para migrar ao MDB onde lhe é oferecido a vaga de candidato.
"Ele é muito bem-vindo no MDB", disse Jucá. "Ainda não temos decisão sobre nomes, mas estamos afunilando as conversas nesse sentido", completou o senador, após sair da reunião com Temer e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também do MDB.
Nos bastidores, a conversa é que o governo tenta cavar um espaço para que Meirelles seja vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo. Segundo a colunista Eliane Cantanhêde, tudo está preparado para que o ministro entregue o comando da economia, no início de abril, e migre para o MDB.
"A nossa ideia é ter um candidato que defenda a agenda do governo. Se não for o Michel, acho que Meirelles reúne essas qualidades e tem todas as condições de aglutinar os partidos de centro para disputar o Planalto", sinalizou o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), presidente do MDB paulista.
Com uma rejeição recorde, mesmo depois da intervenção, Temer não consegue colocar os pés na rua para fazer campanha. Seu aliados, também demonstram que não tem interesse em ser responsável pela defesa do que eles chamam de "legado do governo". Mas como ainda detém o maior tempo de TV, a legenda ainda não é totalmente descartada da disputa.
Alckmin, por sua vez, não dá sinais claros de que pretende seguir esse roteiro. Mas a sua vida dentro do PSDB não tem sido fácil. Com o senador Aécio Neves (MG) mergulhado em denúncias e gravações, o caminho para a sua candidatura parecia certo dentro do PSDB. Mas teve que enfrentar a rasteira de seu afilhado João Doria, prefeito de São Paulo, que tentou abrir sua asas e ter vaga de candidato.
Além disso, Alckmin enfrentou a falta de apoio de algumas lideranças como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que flertou com a candidatura de Luciano Huck e outros, mas em artigo publicado nesta segunda (5) em jornais como El País, Globo e Estadão, FHC diz que a sua "escolha já está feita, Geraldo Alckmin, e que, no momento oportuno, as pesquisas registrarão sua ascensão”.
A mudança no discurso acontece após uma reunião com Temer realizada na sexta (2) em São Paulo. O tema do encontro foi a eleição deste ano. Ao G1, o tucano afirmou que foi feito 1 balanço do cenário político. Questionado sobre Temer ser candidato a presidente neste ano, o tucano disse: “Se ele for realista, não deve ser”.
Na linha de afastar Michel Temer de seu palanque, Alckmin já disse que não espera receber o apoio do governo federal para sua candidatura. Ao ser indagado sobre as chances de ser o escolhido de Temer para receber apoio, Alckmin respondeu: "Não tenho essa pretensão".
Jucá não entrega o jogo e diz considerar muito difícil a possibilidade de apoio a Alckmin, ao menos por enquanto. Indagado sobre um eventual apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ). Jucá também desconversa. Para o Planalto, Maia não será candidato, embora o DEM lance o nome dele como candidato.
"Mas o MDB não está postulando lugar de vice nem de Alckmin nem de Maia", disse Jucá. "O natural, em política, é muito forte. Ninguém vai tirar do bolso do colete um candidato, que precisa ter elan, charme e liderança", disse Moreira Franco.
A aposta de Temer é que a intervenção consiga gerar os efeitos políticos para reduzir a rejeição popular, pelo menos até julho, e assim barganhar um espaço.