No Brasil a disciminação é racial ou social?
A secretária do trabalho do Estado da Bahia, Olívia Santana (PCdoB) foi vítima de crime de racismo e ódio, no que pese em momento algum, a sua agressora ter proferido a palavra negra.
Por Marcelo Gentil
Publicado 05/02/2018 00:53
Olívia foi odiada por ser negra, odiada por ser de origem humilde, odiada por ser comunista, por portar “um celular bom” (palavras da racista) e, odiada por ter saído da favelada. Olívia foi reconhecida e desrespeitada, como diria Caetano Veloso na música Haiti, por uma “quase branca, quase preta” que afirma “fui sua vizinha!”.
Além do ódio e do racismo, a sua ex-vizinha “quase branca, quase preta” é apoiada por uma amiga “quase toda preta”, que “só pra mostrar aos outros quase pretos”, incluindo ali, a “fila de soldados quase todos pretos” que costumam “dar porrada na nuca de malandros pretos e aos quase brancos pobres como pretos”, que uma preta, um dia vereadora e hoje secretária de estado, não tinha o direito de estar naquele local.
Aquela racista “quase branca, quase preta” proferiu todos os seus impropérios racistas, sem se importar com a “lente do fantástico” (neste caso com o celular que a filmou) para “mostrar aos olhos do mundo inteiro” em seu “pânico mal dissimulado” que ali, “ninguém, ninguém é cidadão!”, exceto a própria racista e os “outros quase brancos” que aparentemente (pelas imagens) não tiveram coragem de ser solidários a ela que, apenas os “iguais” a ela podiam estar ali.
Aquela racista viu Olívia Santana “representar uma ameaça de democratização“. A ameaça apareceu estampada em sua cara, pelo fato daquela negra não saber se colocar no seu lugar, por querer freqüentar a um lugar que, segundo ela: “Aqui é lugar de capitalismo e você defende a favela”.
A sua ex-vizinha da favela, “quase branca, quase preta” queria apenas que todos soubessem “como se tratam os pretos”. E, depois de tudo, em seu “Pânico mal dissimulado”, diante da altivez de Olívia Santana que não se abalou e enfrentou o seu acinte racista, foi finalmente odiada por não chorar diante das provocações daquela racista que tentava desestabilizá-la, provocando-a com um “você não quer chorar não?”.
Diante de tudo isso, me reservo o direito de não pensar e de não rezar pelo Haiti. Espero apenas que o delegado de plantão e, mais adiante, o juiz na chamada audiência de custódia, não considere o fato como uma mera “injúria racial” como normalmente ocorre. Afinal, o ato daquela mulher “quase preta, quase branca” e com ares de idosa muita lúcida, nada mais é do que um ato de racismo. E, deve ser tratado como racismo que é crime inafiançável e imprescritível.
Por um Brasil sem racismo.