Ceará: Verba para Ciência deve chegar a quase R$ 2 bilhões em 10 anos
O Governo do Estado do Ceará assumiu o compromisso de aplicar R$ 1,9 bilhão na área de Ciência e Tecnologia nos próximos dez anos. Em 2018, 1,01% da receita tributária líquida do Estado será destinada para a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). A meta é aumentar essa porcentagem gradativamente até 2027 para 2% da receita.
Publicado 26/01/2018 15:13 | Editado 04/03/2020 16:23
Segundo o presidente da Funcap, Tarcísio Pequeno, a utilização desses recursos se dará por meio do apoio à formação de cientistas, com a concessão de bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado; da expansão da área de inovação, sobretudo a empresarial; e da pesquisa em inovação na esfera pública, que corresponde a novo viés da Funcap.
Dessa forma, a fundação financiará projetos que conectam as universidades, os programas governamentais, as necessidades locais e as demandas de desenvolvimento do Ceará. Exemplo citado por Tarcísio Pequeno é o programa Cientista/Chefe, previsto para ser implantado ainda este ano em áreas como Saúde, Segurança Pública e Planejamento. “A Funcap vai colocar nas secretarias mais estratégicas um cientista que será responsável por identificar as ações de Ciência e Tecnologia que podem ser desenvolvidas”, explica.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Antônio Gomes, a notícia é “muito boa” porque parte desses recursos vai financiar atividades de pesquisa relacionadas com a solução de problemas do Estado. “É uma visão interessante e integrada da Ciência com as atividades do Estado”, afirma.
O progresso gradual até 2% visa cumprir o artigo 258 da Constituição do Estado do Ceará, que determina a obrigação de manter uma fundação de amparo à pesquisa, “atribuindo-lhe dotação mínima, correspondente a dois por cento da receita tributária como renda de sua administração privada”.
De acordo com o titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, a medida é uma “conquista”, pois o Governo ainda não tinha conseguido cumprir o artigo desde a aprovação da Constituição, de 1989.
“É uma decisão histórica que marca uma nova etapa na compreensão do Estado de que investir em conhecimento, ciência, tecnologia e inovação e estratégico para o nosso desenvolvimento, é fator gerador de riqueza”, declara.
Conforme a presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Maria Zaira Turchi, a vinculação prevista constitucionalmente garante à Funcap ter programas regulares com os quais as comunidades científica e empresarial podem contar, além de atrair recursos, por meio de programas realizados em parceria com agências nacionais. “Para ter esses programas no Estado é necessário ter recurso estadual em contrapartida e atrair, assim, o recurso da agência federal”, explica. O valor alocado para 2018 já representa quase o dobro em comparação a 2017, quando 750 bolsas de iniciação científica da Funcap não foram imediatamente renovadas por falta de verba para lançar novo edital que permitisse a continuidade do programa.
Segundo o secretário Inácio Arruda, o que houve foi um “lapso puramente temporal”, pois em vez de o edital ser lançado em setembro, só foi em dezembro. Para Tarcísio Pequeno, o recurso, em uma década, vai assegurar e ampliar o apoio na área de Ciência e Tecnologia, trazendo um diferencial para a comunidade. “A garantia de evolução de recursos nos permite planejar e ousar”. Criada em 1990, a Funcap desenvolvia, até 2008, ações de apoio a projetos científicos, em geral, com a contrapartida dos órgãos nacionais, passando depois a também realizar ações de inovação.