Palestinos respondem com greve geral à visita de Mike Pence
Com a paralização, que acontece nessa terça-feira (23) na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, os palestinos denunciam a visita do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, à Cidade Velha de Jerusalém, bem como o reconhecimento, por parte de Washington, de Jerusalém como capital de Israel
Publicado 23/01/2018 18:48
De acordo com a agência palestina Wafa, citada pela PressTV, o comércio e as instituições governamentais estão fechados, e os sindicatos dos transportes também aderiram ao protesto. Os únicos que continuam funcionando são os setores da saúde e da educação.
A greve geral dessa terça (23), convocada pelo movimento Fatah e outras forças políticas palestinas, visa protestar contra a visita agendada de Mike Pence, vice-presidente dos EUA, ao Muro de Al-Buraq, no extremo ocidental da Mesquita de Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, conhecido pelos judeus como Muro Ocidental ou Muro das Lamentações.
O que motivou o protesto foi também a decisão da administração norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, anunciada no dia 6 de dezembro. A medida, que viola o Direito Internacional e diversas resoluções das Nações Unidas, foi condenada a nível mundial.
Desde o anúncio, registaram-se inúmeros protestos na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental ocupada, onde as forças israelenses de ocupação mataram mais de 15 palestinos e provocaram ferimentos em centenas.
A mudança da embaixada no final de 2019
A visita oficial de Pence a Israel – a autoridade palestina se recusou a reunir-se com ele – foi antecedida, no sábado (19), por visitas ao Egito e à Jordânia.
Pence chegou a Israel no domingo (21) e, no dia seguinte, manteve uma reunião privada com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no seu gabinete em Jerusalém. À imprensa, Pence afirmou que era "uma honra" estar na "capital de Israel" e que estava esperançoso por "uma nova etapa" de esforços renovados para alcançar a paz entre israelitas e palestinos.
Ainda na segunda-feira (22), Mike Pence discursou no Knesset (Parlamento de Israel), para voltar a defender a ideia de que "Jerusalém é capital de Israel" e a necessidade de retomar os diálogos de paz. Anunciou ainda que Washington prevê mudar a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém no final de 2019, segundo informa o periódico Haaretz.
O discurso do representante norte-americano foi interrompido durante breves momentos pelos deputados árabes no Knesset, que mostraram cartazes em que se lia que "Al-Quds [Jerusalém] é a capital da Palestina", em árabe e inglês.
Saeb Erekat, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), criticou com veemência as declarações do vice-presidente dos EUA em Israel, tendo afirmado que o seu discurso no parlamento israelita "é um presente para os extremistas".
O discurso de Pence "demonstrou que a administração dos EUA faz parte do problema e não da solução", disse Erekat, citado pela PressTV.