Cortejo da Lavagem do Bonfim pede respeito aos direitos e à democracia
A passagem dos baianos no cortejo da tradicional festa da Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira (11/01), em Salvador, foi marcada por pedidos de respeito à democracia e aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Os festejos têm caráter religioso e de sincretismo, pelas homenagens ao Nosso Senhor do Bonfim/Oxalá, um dos principais santos/orixás cultuados no estado, mas são, também, uma oportunidade de o povo ir às ruas para protestar e apresentar demandas.
Publicado 11/01/2018 22:26
Como acontece todos os anos, o PCdoB reuniu dirigentes, parlamentares e a militância no cortejo, que sai da Igreja da Conceição da Praia, no Comércio, rumo à Igreja do Bonfim, em um trajeto de 8km. Neste ano, o partido integrou uma ala de partidos de esquerda e movimentos sociais e sindicais que fez críticas ao presidente Michel Temer e ao prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e reforçou os pedidos de respeito à democracia, principalmente em relação ao direito de Lula ser candidato.
Presente este ano e “em outras dezenas de anos” na Lavagem do Bonfim, Haroldo Lima, integrante do Comitê Central do PCdoB, viu essa edição da festa como muito numerosa e politicamente importante, pela proximidade das eleições, que serão uma oportunidade de “restaurar a democracia que foi conquistada a duras penas”. Segundo ele, a ala do PCdoB foi muito bem recepcionada pela população, durante o cortejo, “justamente porque o PCdoB está e sempre esteve alinhado a esse e outros interesses do povo”.
Temer e aliados
Na ocasião, o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Davidson Magalhães, destacou a tentativa dos aliados de Temer na Bahia de, na Lavagem do Bonfim, se afastarem dos protestos direcionados ao presidente. “Tudo que o golpe representa, corrupção, desmando, perda de direitos, entrega do País, faz com que os aliados se desvencilhem, oportunisticamente, por conta de 2018, mas o povo não é povo. O povo pode ser enganado por um tempo; não por todo o tempo”, disse.
Sobre a atuação do principal dos aliados de Temer na Bahia, que é o prefeito da capital, o presidente municipal do PCdoB, Everaldo Augusto, avaliou que ACM Neto saiu órfão da Lavagem do Bonfim. “Isso significa que os dias dele estão chegando ao fim. Nós vamos agradecer ao Senhor do Bonfim no dia em que os desmandos aqui na Bahia acabarem e que a prefeitura for governada por quem respeita o povo, quem governa para a maioria”, explicou.
O deputado federal Daniel Almeida completou que os aliados de Temer “terão que explicar muito” neste ano eleitoral. Além de ACM Neto, Daniel citou nomes como o ex-ministro Antônio Imbassahy (PSDB) e Geddel Vieira Lima (PMDB) – esse que não compareceu ao Bonfim porque está preso pelos suspeitos R$ 51 milhões que mantinha em malas, escondidas em um apartamento. “Essa gente representa o atraso, o golpe e a violação da democracia”.
Abre alas
Com um mandato que valoriza a cultura e a história da Bahia, a deputada federal Alice Portugal acredita que a Lavagem do Bonfim abre as mobilizações de 2018 pelo ‘Fora Temer’. “O ‘Bonfim’ é uma festa secular, que tem a gênese do nosso povo, da nossa origem, no sincretismo religioso da nossa Bahia, da nossa Salvador. Vamos a pé pedir a Senhor do Bonfim saúde e coragem par lutar pela democracia, pelo resgate dos direitos do povo que foram vilipendiados por esse governo ilegítimo de Temer”, disse.
O deputado federal Orlando Silva, nascido na Bahia, mas eleito por São Paulo, também participou da festa e garantiu que viu, neste ano, “a marca da luta democrática”. “O ‘Bonfim’ acontece nas vésperas do julgamento de Lula [no próximo dia 24 de janeiro], em Porto Alegre, e é algo muito importante. Eu espero que o ‘Bonfim’ de 2018 também inspire a renovação da política brasileira e a renovação das ideias”.
De Salvador,
Erikson Walla