Temer diz que está 'mais barato para viver': Só na casa dele, rebate aposentada
Em pronunciamento de fim de ano exibido em rede nacional de rádio e TV, Michel Temer disse que a economia do país está "em ordem" e que está "mais barato para viver" no Brasil. "Só se for na casa dele", disse a aposentada Santitlia Gonçalves ao ouvir a frase do ilegítimo na noite deste domingo (24).
Por Dayane Santos
Publicado 25/12/2017 11:46
"Em um curto espaço de tempo colocamos a economia em ordem, saímos da recessão e temos as taxas de juros mais baixas dos últimos anos", afirmou o peemedebista.
A afirmação de Temer ignora a realidade, inclusive os sucessivos aumentos nos preços do botijão de gás – cujo valor chegou a R$ 80 em alguns estados – e no litro da gasolina. Desde junho, o gás de cozinha que acumula alta de cerca de 70%.
"Está mais barato para comer, para vestir, para morar. Está mais barato para viver", acrescentou Temer, que diz que o governo conseguiu "baixar os preços dos alimentos e aumentar o poder de compra dos brasileiros".
A realidade é que, apesar das quedas na taxa básica de juros e na inflação, 2017 registrou sucessivos aumentos nos preços do botijão de gás – cujo valor chegou a cerca de R$ 80 em alguns estados – e no litro da gasolina.
Com a maior rejeição da história – apenas 3% de aprovação nas pesquisas, Temer diz em outro trecho do pronunciamento que o governo não adotou "modelos populistas" e não "escondeu a realidade".
"Não adotamos modelos populistas, nem escondemos a realidade. Nada de esperar por milagres e contar com salvadores da pátria", disse ele, que após muitas manobras e uso de emendas parlamentares, garantiu o engavetamento de duas denúncias contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Temer também comemorou o fim de garantias e direitos previstos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com a reforma trabalhista. Disse que a mudança "criou empregos", mas admitiu que o "desemprego ainda é grande". Ele não citou, mas o desemprego atinge mais de 13 milhões de brasileiros. No entanto, disse que os números "demonstram que estamos no caminho certo".
Na projeção de Temer, as mudanças da reforma trabalhista "vão aumentar o número de postos de trabalho". De acordo com especialistas, a medida precariza as relações de trabalho, pois a flexibilização da lei vai favorecer o surgimento de contratos fracionados, com salários mais baixos.
Temer voltou a defender a proposta de reforma da Previdência, medida que também é rejeitada pela população e já sofreu um revés na Câmara. Temer queria votar e aprovar a proposta neste mês de dezembro, antes do fim do recesso parlamentar. Mas a impopularidade da proposta não garantiu os 308 votos necessários, obrigando o governo a recuar e adiar a votação para depois do Carnaval.
"É uma questão do futuro do país e para garantir que os aposentados de hoje e os de amanhã possam receber suas pensões", disse Temer, que ainda tentou surfar na aprovação da proposta de reforma da Previdência na Argentina, na última semana. Mas a medida foi aprovada após uma negociação do governo Macri em troca de verbas – o toma lá, dá cá – e sob forte rejeição dos argentinos que ocuparam às ruas de manifestações gigantescas contra o texto.