Com rejeição recorde, Jucá diz que Temer saírá fortalecido em 2018
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), disse que Michel Temer deixará o governo "fortalecido" e em 2018 o candidato governista à Presidência precisa demonstrar "capacidade de ganhar a eleição".
Publicado 18/12/2017 12:23
Jucá,, que é o braço direito do governo nas articulações de votos, chamou de "turbulência" as denúncias da Procuradoria-geral de República por corrupção passiva e lavagem de dinheiro apresentadas este ano contra Temer.
"Foi um ano e meio em cima de turbulências inimagináveis. Nós tivemos um ataque especulativo. O interesse do senhor Janot era derrubar o governo. Na verdade, o presidente Temer resistiu e saiu mais forte", disse.
Temer tem o índice de popularidade mais baixo da história, com 3% de aprovação , segundo pesquisas. Além de sua ilegitimidade, a agenda de reformas com retirada de direitos é a marca registrada do seu governo. É justamente por essa rejeição que o governo não conseguiu os votos para colocar a reforma da Previdência em pauta este ano e foi obrigado a emburrar para depois do Carnaval.
Sobre isso, Jucá também tem um discurso ensaiado. disse na entrevista que o governo "não sai fraco". "Eu diria que não sai fortalecido o necessário para a economia responder da forma que poderia fazer", argumentou.
Jucá aproveitou para tentar explicar o "estancar a sangria", termo que usou em uma da conversas gravadas em que revela a estratégia do golpe. Ele disse que "estancar a sangria", não se tratava de barrar as investigações, mas "se referia ao governo Dilma" e a economia.
No entanto, ao analisar novamente a conversa com Sérgio Machado, não há hipótese dessa versão de Jucá ser real. Na conversa, Machado disse a Jucá: "O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. […] Ele acha que eu sou o caixa de vocês", ou seja, não se trata de economia, mas de investigação.
Mais adiante, Machado diz que está preocupado. "Então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída". Novamente, não cita nenhuma preocupação com a conjuntura econômica nem com as medida de Dilma.
Machado disse que novas delações na Lava Jato não deixariam "pedra sobre pedra". Jucá concordou que o caso de Machado "não pode ficar na mão desse [Moro]".
Jucá, que ajudou a articular o impeachment, aprofunda a sua tese e diz que seria necessária uma resposta política, não para a crise econômica, mas para as investigações. "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá
Agora, o senador diz que sempre defendeu a Lava Jato. "Você cobrar responsabilidade e o cumprimento da lei não é estancar nada. É estancar o abuso", afirmou.
Sobre a eleição, Jucá diz que a candidato do governo depende de quem "demonstre capacidade de ganhar a eleição". Segundo ele, "essa será a principal aglutinação que ele poderá fazer", ou seja, não importa quem tem mais capacidade de colocar o Brasil no caminho do desenvolvimento.
Ele diz que Lula ficará inviabilizada se ele for condenado. "Acho que se Lula for condenado, ele deixa de ser candidato. Se for inabilitado, será um cabo eleitoral importante, mas não poderá ser candidato. Lula sendo candidato, o eixo da eleição é o Lula e o anti-Lula. Ele não sendo candidato, o eixo da eleição é muito mais a economia e o discurso dos outsiders", declarou.
Jucá sinalizou ainda que o tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP), pré-candidato do PSDB até agora, pode não ser o escolhido do que ele chama de "legado governista". "Alckmin é um bom nome, mas existem outros", afirmou.
Questionado quais seriam estes nomes, ele afirmou: "No PSD, existe o Henrique Meirelles [ministro da Fazenda]. No PMDB, temos o Paulo Hartung [governador do Espírito Santo], o próprio presidente Temer, que pode ser candidato ou não".