Chacina da Lapa, ato terrorista do ditador Geisel
Por Domingos Miranda – Quando se fala em governo terrorista, o primeiro nome que nos vem à mente é o de Hitler, na Alemanha nazista, que causou tantas mortes e sofrimento no mundo todo. Mas, poucos ainda se recordam que os brasileiros viveram sob o jugo de um regime fascista, cuja política é baseada no terror e no medo, entre 1964 e 1985.
Publicado 18/12/2017 14:32 | Editado 04/03/2020 17:13
Durante a ditadura militar foram praticados milhares de atentados aos direitos humanos e seus responsáveis ficaram impunes até os dias atuais. Entre tantos casos, gostaria de citar aqui o episódio de terrorismo contra os dirigentes do PCdoB, praticado pelas forças de repressão do Exército em São Paulo, em 16 de dezembro de 2016, e que ficou conhecido como a Chacina da Lapa.
Entre os anos de 1972 e 1974, o Partido Comunista do Brasil dirigiu a mais prolongada luta de resistência armada contra a ditadura nas selvas do Araguaia, no Sul do Pará. Dirigentes, militantes e camponeses tombaram heroicamente nesta guerra desproporcional, onde menos de uma centena de rebeldes enfrentaram 20 mil homens das Forças Armadas muito bem armadas. Terminado o conflito, o PCdoB marcou uma reunião clandestina em São Paulo para fazer um balanço da guerrilha que havia sido desmantelada.
As condições de segurança para este encontro tinham que ser de extrema eficiência. Entre 1972 e 1975, seis dirigentes dos PCdoB foram assassinados nas mãos das forças da repressão. No entanto, um fator pesou contra os comunistas. Um dos dirigentes, Jover Telles, que havia sido preso anteriormente, passou informações para a repressão sobre esta reunião do comitê central que aconteceu nos dias 14 e 15 de dezembro. Na manhã do dia 16, quando os comunistas já estavam se preparando para deixar a residência, no bairro da Lapa, começou o ataque das equipes do DOI-CODI, do Exército.
Foram mortos a tiros os dirigentes Ângelo Arroio e Pedro Pomar e sob brutais torturas João Batista Drummond. Também foram presos e torturados Aldo Arantes, Haroldo Lima, Elza Monnerat, Joaquim Celso de Lima, Maria Trindade e Wladimir Pomar. O objetivo maior das forças de repressão era matar João Amazonas, uma das principais lideranças do partido, mas que naquele momento se encontrava na Albânia. A tentativa de destruir o PCdoB não foi alcançado, pois outros membros do comitê central que estavam no exterior passaram a dar a orientação política através do jornal A Classe Operária. Com a anistia, estes dirigentes voltaram e criaram um jornal de massas, a Tribuna Operária, que serviu como uma importante alavanca para o crescimento do partido em todo o país.
Neste momento em que o fascismo tenta se apossar do poder novamente, devemos unir forças para barrar esta anomalia da política. Só com a união de todas as forças democráticas conseguiremos barrar o avanço daqueles que pregam o terror. E, nesta hora devemos reverenciar os camaradas que deram as suas vidas e lutaram contra a ditadura militar. Fascismo nunca mais.